Fotógrafo, filósofo, professor e crítico de arte, Alair Gomes nasceu em 21 de dezembro de 1921, em Valença, Rio de Janeiro. Formou-se em engenharia civil em 1944. Dez anos depois, na busca por uma forma de expressão do amor homoerótico, iniciou a escrita de seus diários íntimos. A paixão pela fotografia só começou em 1965, quando viajou pela Europa por seis meses, com uma câmera Leica emprestada. Alair Gomes passa a fotografar compulsivamente. Coordenou a área de fotografia da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, entre 1977 e 1979. Artista produziu ao longo de sua vida (1921-1992) um conjunto de cerca de 170 mil negativos, que tem o corpo masculino como tema central.
A partir do final dos anos 1960, Alair Gomes passa a se dedicar à fotografia. Suas imagens trazem, em sua maioria, registros feitos da janela de seu apartamento, na praia de Ipanema, e cenas do carnaval.
Em Alair Gomes, aspectos como o voyeurismo e o corpo masculino emergem, na parte mais conhecida de seu trabalho. Destacam-se os enquadramentos, as repetições, os códigos da sedução e do olhar. O sol refletido na areia confere uma perspectiva de deslocamento da realidade, e quase não se sabe o contexto em que as fotos foram feitas. Grande parte de suas imagens são sequências de nus masculinos e fotos de rapazes feitas da janela de seu apartamento, na praia de Ipanema, além de registros do carnaval carioca. Suas pesquisas o levaram a encontrar caminhos fecundos para inserir a fotografia no campo da arte contemporânea, com destaque para as sequências de imagens que ele elaborou inspirado em sinfonias, sonatinas e em altares religiosos, como nas composições em trípticos.
O uso das sombras e a edição, em forma de dípticos, ou trípticos, sugere desenhos e ritmos, em composições que sugerem uma admiração e uma dimensão quase religiosas em relação aos objetos/sujeitos das imagens.
“Para Alair Gomes, a sexualidade e a beleza representam a essência do ser humano e sua melhor possibilidade de contato com o divino.”
Do crítico de arte e curador francês Christian Caujolle, em 2001
Beach Triptych N° 13, 1970-1980. Gelatina e prata. 40 x 100 cm; Coleção Gilberto Chateaubriand MAM Rio
A Window in Rio N° 147, Opus 2, sem data, gelatina e prata, 23,3 x 17,1 cm; Coleção Gilberto Chateaubriand MAM Rio.
A Window in Rio N° 163, Opus 2, sem data, gelatina e prata, 23,3 x 17 cm; Coleção Gilberto Chateaubriand MAM Rio.
A Window in Rio N° 120, Opus 2, sem data, gelatina e prata, 23,3 x 17,2 cm; Coleção Gilberto Chateaubriand MAM Rio.
Four Feet N° 22, Opus 13, sem data. Gelatina e prata. 17,2 x 11,3 cm / 23 cm; Coleção Gilberto Chateaubriand MAM Rio (parte da obra, formada por 12 fotografias)
É possível perceber que o sentido de sua poética é construído, sobretudo, no processo de edição e de organização do material registrado — o fotógrafo não age diretamente sobre o acontecimento, apenas observa e registra. A narrativa fraturada nos dá a percepção de uma coreografia ritmada e sensual.
Atualmente, a obra de Alair Gomes ocupa um lugar de destaque no circuito da arte contemporânea e seus trabalhos são conhecidos e estudados nos Estados Unidos e na Europa (França, Inglaterra e Itália); instituições como a Tate Modern de Londres e a Fondation Cartier pour l’art contemporaine de Paris já exibiram suas obras; suas fotografias estão presentes em diversas coleções, tais como do MAM Rio, Museu de Arte Moderna de São Paulo e do MoMa de Nova York.
Minuto MAM Alair Gomes