Marmotas (de Sergio Santeiro)

Conta um conto e aumenta um ponto

Nos aproximamos do real ou o real se aproxima de nós

Pedidos de esmola nas esquinas

Atender

Recusar

Melhor é que não haja

Todos deviam ter moradia alimentação e saúde

É o papel do estado que representa a sociedade no atendimento de suas necessidades

O que é perfeitamente possível

O que não for para todos não pode ser para nem um

Chega um tempo na vida em que se perde o senso de oportunidade

Se é que jamais o houve

Essas fardas safardanas

A maioria dos empregos são na verdade subempregos

Exclui-se o conceito de trabalho

Pelo de emprego e portanto de subemprego

O trabalho dignifica o homem o emprego não

E o povo que não encontra trabalho inventa o seu

Nem que seja catar latinhas na rua

Se a sociedade não se organiza para garantir o trabalho de todos

Se as municipais não mudarem o rumo dessa prosa a vaca nunca sairá do brejo

Só um pedacim

Só no sapatim

Nem precisa o jornal aterrorizar a população ela já vive aterrorizada

Se fizer papel de gato o cão destrói você

Uma porta que se abre não impede que a próxima se feche

O fantasma em mim não quer saber de fantasmas dos outros

O cinema são todos os filmes do mundo

O que é coisa difícil de se imaginar

Ah se eu não sim

Resolvo os problemas da casa

Não resolvo os problemas da vida

Hoje não é ontem

O movimento dessacralizou a pintura

O som dessacralizou o silêncio

A cor dessacralizou o branco

O digital dessacralizou o analógico

A forma dessacralizou o conteúdo

A morte dessacralizou a vida

A vida dessacralizou a morte


Sergio Santeiro
08 de fevereiro de 2020

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