MYRNA BRANDÃO
Para falar de Julinho, como o chamávamos… por onde começar: pela mente? pelo coração?
Pela mente, é inevitável falar da Polytheama, uma espécie de tesouro cinematográfico, com cerca de 10 mil títulos, entre DVDs e VHS. Lá havia raridades como por exemplo, dezenas de curtas-metragens de Griffith. Além disso, Julio ajudava lembrando filmes que seus clientes esqueciam e ainda na indicação de muitos. Uma vez perguntaram a Nelson Pereira dos Santos por que buscava seus filmes na Polytheama. “É que o Julio é uma antologia de cinema e me ajuda a lembrar os títulos”, ressaltou o cineasta.
Pelo coração, é inevitável falar sobre o sensível ser humano que ele era. Apenas para dar um exemplo: sempre nos ressentíamos quando eram realizadas exibições com filmes que o CPCB restaurou e não havia qualquer menção à entidade que os salvou da perda e estava possibilitando aquela exibição. Não foi o caso do Julinho quando realizou uma mostra que incluía “Aviso aos Navegantes” e previamente nos avisou que falaria do trabalho de preservação do CPCB e se havia algo que gostaríamos que ele dissesse. Parece algo simples, mas ao contrário, é cheio de significados. Acima de tudo, mostra como era o Julinho: sua conduta, reconhecimento, ética, amizade, carinho, generosidade ….que nos deixou sensibilizados e cheios de gratidão. E agora, com muitas saudades.
Myrna
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Por ocasião da mostra “Homenagem a Julio Cesar de Miranda”, este espaço busca ainda ser uma espécie de memorial, um local onde estão recolhidos uma série de breves depoimentos escritos ou em vídeo enviados por muitos de seus amigos e companheiros de vida. Assista aos filmes na Cinemateca do MAM online de 1º a 30 de abril de 2022.
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