De Salvador a Ouro Preto, de Belém ao Rio de Janeiro, de Recife até Vassouras. Durante os períodos colonial e imperial, ao transformar seres humanos em mercadoria, a lógica escravocrata foi a base da atividade econômica, responsável por modular o desenho do território brasileiro.
Atividades ligadas à cana-de-açúcar, ao café, ao ouro e à pecuária giravam em torno do comércio humano e alteraram os eixos de poder. Essas mudanças na localização dos poderes administrativo e político contribuíram para definições de novas fronteiras e regiões, diretamente associadas aos processos de produção e distribuição de valor.
As taxações excessivas e as insatisfações com o governo central foram fatores que instigaram revoltas pré-Independência, como a Inconfidência Mineira (1789), em Minas Gerais, e insurreições no período regencial, como a Revolução Farroupilha (1835-45), no Rio Grande do Sul. Apesar de esses dois levantes reivindicarem a liberdade, nenhum deles tinha o fim da abolição como uma de suas aspirações, diferentemente de outras revoltas, como a Cabanagem (1835-40), na antiga província do Grão-Pará.
A desigualdade e a violência produzidas pela exploração colonial, atreladas às exclusões e à desigual distribuição dos recursos, consolidaram-se na história brasileira. As sequelas deixadas por esse processo socioeconômico reverberam até os dias de hoje, assim como as reivindicações que priorizam transformações dessas estruturas de poder.