Decano da preservação audiovisual brasileira, o restaurador, ensaísta, pesquisador, pensador e documentalista Saulo Pereira de Mello (1933 -2020) era um homem de discreta presença, mas perseverança e comprometimento inquebrantáveis. A paixão pelo cinema silencioso lhe deu o esteio para uma vida inteira.
A missão deixada por seu mestre, Plínio Sussekind Rocha, trouxe-lhe o desafio técnico, estético, histórico e cultural de salvar a obra-prima “Limite”, que não só restaurou como pesquisou, estudou e divulgou até vê-la reconhecida como arte maior. Salvou também do olvido o realizador do filme, Mário Peixoto, tornando-se guardião de sua história e principalmente seu amigo.
Incansável em suas devoções, a esposa Ayla e a filha Laura à frente, era também um defensor das cinematecas e arquivos de filmes, como a Cinemateca do MAM, local que frequentou como um santuário, para assistir clássicos como “O Homem de Aran” e “Luzes da Cidade”, preferências junto a “Paixão de Joana D’Arc” e alguns outros seletos títulos, para pesquisar filmes, documentos e referências, e para trocar impressões, informações e paixões com outros abnegados como Cosme Alves Netto, Alex Viany e Francisco Sérgio Moreira.
A Cinemateca do MAM compartilha da tristeza deste momento, envia condolências à família, aos colegas do Arquivo Mário Peixoto, e à equipe da VideoFilmes, que tornou possível seu sonho final, e lembra de forma singela, como lhe era peculiar, o trabalho, dedicação, comedimento e amor de um guardião exemplar da memória cinematográfica brasileira.
(Equipe Cinemateca do MAM)