Roberto Burle Marx

Roberto Burle Marx (1909-1994), artista plástico e autor de mais de três mil jardins ao redor do mundo, nasceu em São Paulo e viveu a maior parte da vida no Rio de Janeiro, onde estão seus principais trabalhos. Considerado o inventor do paisagismo moderno, ele é o autor dos Jardins do MAM, cujo projeto é de 1955, e do paisagismo de todo o Aterro do Flamengo, projeto de 1961.

Em linguagem identificada com as vanguardas artísticas, como a arte abstrata, o concretismo e o construtivismo, Burle Marx desenhava plantas baixas como telas abstratas, criando caminhos e recantos, usando formas sinuosas e propondo grandes manchas cromáticas com a vegetação. Valorizou a vegetação nativa. Usou plantas da caatinga, do sertão nordestino e da Amazônia, importou outras tantas de várias partes do mundo e libertou o paisagismo brasileiro de copiar os jardins típicos europeus.

Aérea do MAM Rio e jardins. Foto: Felipe Azevedo.

Roberto Burle Max. Foto: Ivan Cardoso.

Jardim de Pedras. Foto: Domi Valansi / MAM Rio.

Criados em diálogo direto com o conjunto arquitetônico do museu, de autoria de Affonso Eduardo Reidy, os Jardins do MAM fazem parte do Parque do Flamengo, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) por seu valor paisagístico e arquitetônico. Combinam linhas geométricas, espelhos d’água, canteiros de pedras e profusão de espécies.

Há 48 palmeiras imperiais (a primeira delas plantada pelo então presidente Juscelino Kubitschek), vitórias-régias, bromélias do nordeste; abricó-de-macaco (árvore típica da Amazônia, tem flores espalhadas por todo o seu tronco), palmeira Talipot (que em toda sua vida só florescem uma vez) e Acácia Seyal (oriunda da África, com o tronco cor de cobre) nos Jardins do MAM, que são abertos e de acesso gratuito. Em área de grandes gramados, Burle Marx previu o contraste entre dois tipos de gramíneas para formar o padrão ondulado do calçadão de Copacabana, que foi outro projeto do autor.

Algumas das 48 Palmeiras Imperiais. Foto: Márion Strecker / MAM Rio

Flor da abricó-de-macaco. Foto: Domi Valansi / MAM Rio.

Árvores florescendo nos Jardins do MAM. Foto: Fabio Souza / MAM Rio.

Burle Marx projetou mais de 3.000 jardins em 20 países ao longo da vida e descobriu mais de 40 espécies de plantas. Seu sítio em Guaratiba (RJ), com seu acervo, foram doados ao Iphan e constituem hoje um museu. Ele foi ainda arquiteto, decorador, ceramista, músico e ecologista, e também produziu pinturas, gravuras, objetos, trabalhos em tecidos, joias e figurinos, além de ser um colecionador.

Documentários

Roberto Burle Marx foi objeto de poucos filmes em vida. O mais significativo foi feito pela arquiteta Rachel Figner Sisson, neta de Frederico Figner, criador da Casa Edison. Chama-se “Roberto Burle Marx” e está disponível no canal dela no Youtube em três partes. A Cinemateca do MAM possui uma cópia 35mm do filme.

Em 2018, foi lançado “Filme Paisagem – Um olhar sobre Roberto Burle Marx”, do diretor João Vargas Penna. Com narração de Amir Haddad, o documentário conta a trajetória de Burle Marx com imagens de seus principais trabalhos.

Sobre os Jardins do MAM

Texto de Roberto Burle Marx publicado no Informativo número 17 do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1959.

“A área verde que está sendo feita no aterro de Santa Luzia, e que se estende da praia do Flamengo ao Aeroporto Santos Dumont, dará ao carioca o prazer da promenade à beira-mar, ao mesmo tempo que proporciona local de lazer. Destes jardins, que serão por nós estudados dentro de um futuro próximo, o do Museu de Arte Moderna foi elaborado tendo em vista a integração do mesmo à paisagem, visualizando a área com características de um parque.

Levamos em conta a área disponível e ordenamos o jardim visando criar limitações espaciais relacionadas com os volumes arquitetônicos. Como elemento básico de pavimentação, foi utilizado o granito em lajes ligado ao mosaico português, onde o “Leitmotiv” é um padrão composto de faixas onduladas em cores róseo e branco, que confere ao mesmo variedade rítmica. O mesmo tema é retomado em superfícies de grama de duas tonalidades, a fim de dar maior unidade à composição.

A palmeira real é usada como elemento ordenador, definindo os espaços, ao mesmo tempo que oferece um contraponto visual no sentido vertical. Procurou-se relacionar as superfícies de cor com os pequenos, médios e grandes volumes de plantas herbáceas, arbustos e árvores, onde as texturas das plantas e dos materiais utilizados se harmonizam. Ao mesmo tempo, as plantas contarão, em certos casos, com superfícies de cor uniforme, obtendo assim maior nitidez na composição. 

Num jardim em que é previsto um intenso movimento de visitantes ao Museu, surge o problema de criar áreas de interesse, o que foi resolvido com a criação de locais de estar, terraços, jardins, pátios com fontes, repuxos d’água, locais para exposição de esculturas ao ar livre e grandes gramados que conduzem a vista para a baía, além do emprego de árvores que darão sombra e que, em determinadas épocas do ano, valorizar-se-ão pela sua floração. 

Do ponto de vista ecológico, utilizamos plantas que venham a resistir bem aos ventos fortes e ao ar salino. Uma vez terminado o plantio, o tempo e o tratamento devido imcubir-se-ão de realizar o que foi por nós imaginado.”

Links

Instituto Burle Marx

Sítio Burle Marx



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