6 abr - 25 ago 2019

Curadoria Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes
Lei de Incentivo à Cultura
Mantenedores do MAM Rio Ternium e Petrobras
Secretaria Especial da Cultura, Ministério da Cidadania, Governo Federal

Alegria – A Natureza-Morta nas Coleções MAM Rio

Assim como a paisagem e o retrato, a natureza-morta foi um dos grandes gêneros em que foi dividida a pintura europeia, entre os séculos 15 e 16, na Renascença. Esses gêneros ganharam corpo como alternativa às pinturas de cenas religiosas, proibidas nos países que aderiram à reforma protestante, como a Holanda, que viu nascer o primeiro mercado de arte de que se tem notícia.

As naturezas-mortas podem ser caracterizadas pela representação de objetos inanimados, vistos de uma curta distância. Sua escala intimista, somada à composição feita com base em motivos banais, mas agradáveis — frutas, flores, alimentos e objetos familiares ao olhar burguês — não significava, porém, que tais pinturas tivessem um teor laico-secular, apenas contemplativo, função que somente se consolidaria no começo do modernismo. Ainda que tratassem de cenas domésticas, essas pinturas, a despeito de sua fatura naturalista, tinham um teor simbólico então acessível a todos: evocavam o agradecimento pelo pão nosso de cada dia, conquistado pelo trabalho humano, sob a bênção divina.

Nos primórdios da arte moderna, na segunda metade do século 19, as naturezas-mortas já haviam se libertado de sua simbologia protestante inicial, razão pela qual se tornaram fundamentais para a revolução que permitiu à pintura superar a ênfase no tema que a havia marcado no romantismo e no neoclassicismo — tendências cujo foco, indiscutivelmente celebratório, incidia sobre eventos históricos (batalhas, coroações, funerais e casamentos reais) pintados em formatos grandiosos que direcionavam o olhar para a narrativa e não para a própria pintura.

A banalidade temática das naturezas-mortas abriu caminho para a contemplação exclusiva de elementos cromáticos, formais, espaciais e compositivos, que não só se tornaram essenciais para a fruição modernista, como abriram caminho para a arte abstrata com Wassily Kandinsky, em 1910.

Alegria – A Natureza-Morta nas Coleções MAM Rio mostra-nos uma seleção deste gênero em nossos acervos, revelando não só sua dimensão mais histórica, mas também possibilidades de releituras contemporâneas desse conceito. Tal conjunto não foi reunido somente com base no enquadramento estrito das obras nas características evidentes deste gênero, mas também na livre correlação dos trabalhos com o sentido mais geral da exposição. Sob tal licença, Alegria – título extraído do backlight fotográfico de Adriana Varejão, aqui exposto – também transborda do âmbito da pintura, da gravura, do desenho e da fotografia, para aquele, expandido, da escultura, do vídeo e de instalações para traçar um panorama aberto desse gênero da pintura no Brasil no exterior.

Fernando Cocchiarale
Fernanda Lopes
Curadoria


Artistas na exposição

Adriana Varejão
Alberto da Veiga Guignard
Aldo Bonadei
Alfredo Volpi
Anna Bella Geiger
Artur Barrio
Brígida Baltar
Claudia Jaguaribe
Edgard de Souza
Eduardo Costa
Efrain Almeida
Felipe Barbosa
Franklin Cassaro
Glauco Rodrigues
Iberê Camargo
Ivens Machado
Jorge Barrão
José Damasceno
Julio Bernardes
Julio Bernardes
Karin Lambrecht
Katia Maciel
Lourdes Castro
Luis Humberto
Marcos Chaves
Maria Leontina
Milton Dacosta
Raul Mourão
Roberto Huarcaya
Rodrigo Braga
Vicente do Rego Monteiro
Vilma Slomp
Waltercio Caldas
Wanda Pimentel
Wilma Martins



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