Rafael Bqueer nasceu em Belém (PA) em 1992. Suas práticas performáticas partem de investigações sobre arte política, gênero, sexualidade, afrofuturismo, decolonialidade e interseccionalidade. Drag queen e ativista LGBTQI+, Bqueer tem um trabalho que dialoga também com vídeo e fotografia, utilizando de sátiras do universo pop para construir críticas atentas às questões da contemporaneidade.
Já participou de exposições nacionais e internacionais, entre elas a coletiva “Against, Again: Art Under Attack in Brazil”, na Anya & Andrew Shiva Gallery, em Nova York (2020), e fez a individual “UóHol” no Museu de Arte do Rio (2020). Foi premiadx no 7º Prêmio Foco Art Rio (2019).
Graduou-se em Licenciatura e Bacharelado no curso de Artes Visuais pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Obras suas fazem parte das coleções do Museu de Arte do Rio (MAR) e do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio).
Rafael Bqueer, Alice e o chá através do espelho (2014/2020), impressão em papel Hahnemühle Museum Etching 350 g/m², 66,7 x 101 cm. Tiragem: 100 + 6 PA.
Alice e o chá através do espelho é uma série de ações realizadas desde 2014, onde Bqueer resgata a imagem da Alice personificada pelo ator Jorge Lafond no abre-alas da escola de samba Beija-flor de Nilópolis em 1991, no desfile “Alice no Brasil das maravilhas”.
Rafael Bqueer busca a narrativa crítica do carnavalesco Joãosinho Trinta, 23 anos depois, para refletir sobre as zonas de exclusão social e racial da cidade do Rio de Janeiro. Da vivência com outras corpas negras e LGBTQ’s nos barracões das escolas de samba e das violências sofridas diariamente em uma cidade marcada pelas contradições e pela necropolítica.
O ato performático da montação como afronto às normatividades que reproduzem padrões coloniais hegemônicos. Reexistir em espaços públicos, com registros em vídeo e fotografia que criam uma cartografia sobre distopias. O lixo como metáfora e reflexo do contemporâneo, um imaginário repleto de subjetividades e estratégias políticas de sobrevivência.