A trajetória da artista multimídia Brígida Baltar começa no final da década de 1980, quando passou a frequentar a Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV), onde foi também professora.
Brígida Baltar (1959-2022) colecionou materiais da vida intimista, como a água de goteiras ou a poeira de tijolos (usada em trabalhos posteriores). Foi considerada pioneira no conceito da escultura transitória no Brasil.
Participou do grupo Visorama, juntamente com Rosângela Rennó, Ricardo Basbaum, Eduardo Coimbra e Valeska Soares. Nesse período, criou a obra “Abrigo”, de 1996, em que projeta a forma de seu corpo escavada na parede, um dos gestos poéticos que praticava em sua casa-ateliê no bairro de Botafogo. A presença da escultura na sua obra se expandiu para outros materiais como cerâmica, vidro e metais.
Em 2021, o MAM Rio mostrou em “Composições para tempos insurgentes” duas peças de Brígida Baltar, tratando das relações entre corpo, casa e comunidade.
“A ideia da aridez sempre me atraiu. No sentido mais abstrato, de ausência de coisas, espaços vazios, trilhas que desaparecem e tornam a aparecer, de possibilidades místicas. O deserto, assim como a floresta, está nas fábulas, nos mitos, ritos, nas histórias infantis. Há sempre uma floresta para se perder ou um deserto para atravessar.”
Brígida Baltar, em entrevista ao curador Marcelo Campos
“A fabulação é o operador de toda a obra de Brígida Baltar. Roupas especiais e instrumentos, por exemplo, funcionam como equipamentos de garantia contra o devaneio sem compromisso com o real e o simbólico.”
A crítica de arte e curadora Lisette Lagnado em “O processo de fabulação” (2004), sobre a obra “Coletas de Neblina”, de Brígida Baltar
A coleta da neblina, 2002; fotografia; 39,7 x 58,5 cm; Coleção Gilberto Chateaubriand MAM Rio (parte de obra formada por 4 fotografias)
A coleta da maresia, 2001; fotografia; 39,8 x 58.8 cm; Coleção Gilberto Chateaubriand MAM Rio (obra formada por 4 fotografias)
Você estava lá, 1995; fotografia; 42 x 60 cm; Coleção Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Doação Projeto Colecionadores MAM 1