Filho de imigrantes judeus, Carlos Scliar nasceu em 1920 em Santa Maria (RS). Aos 11 anos já publicava desenhos e textos em suplementos infantis de jornais de Porto Alegre. Aos 19 anos conhece Cândido Portinari, que lhe diz que “estava fazendo tudo errado” e transforma sua maneira de ver e fazer arte. Em 1940 muda-se para São Paulo, onde começa a expor.
Convocado pela Força Expedicionária Brasileira, trabalha por 11 meses na Itália, durante a II Guerra Mundial (1944-1945), período em que passa a desenhar a tensão da guerra. “Os desenhos foram a minha defesa. Eu achava que todo momento era terminal, que cada instante era o último. De repente eu percebi que as coisas mais simples, que me rodeavam, eram importantíssimas. Passou a ser meu tema até hoje”, declarou em 1989, em entrevista para a extinta TV Corcovado.
De volta ao Brasil, expôs em diferentes capitais seus “Cadernos de Guerra” e participou ativamente do movimento pelo fim da ditadura de Vargas. Em 1947, voltou à Europa onde teve contato com as obras de Picasso, Braque e Juan Gris e ficou fascinado pelo “papier collé” (colagem).
Para além das telas, a obra de Carlos Scliar dialogou com o teatro, cinema e literatura. O artista ilustrou o romance “Seara Vermelha”, de Jorge Amado; assinou o cartaz da peça “Orfeu da Conceição”, de Vinícius de Moraes; e o cartaz do filme “Rio Zona Norte”, de Nelson Pereira dos Santos.
Em 2001, ano em que Scliar faleceu, foi inaugurado um Instituto Cultural na casa-ateliê em que morou por 40 anos em Cabo Frio (RJ). Em 2020, comemora-se seu centenário de nascimento.