A retrospectiva Allan Ribeiro 20 anos de cinema destaca um nome de relevo no cinema independente brasileiro do século XXI, que realizou seu primeiro filme em 2001 ainda como aluno do curso de cinema da Universidade Federal Fluminense (UFF). A programação é gratuita e está disponível no canal online da Cinemateca do MAM (www.vimeo.com/channels/cinematecadomam), de 7 de maio a 10 de junho.
Ao longo de duas décadas, Allan Ribeiro constituiu uma obra de cunho autoral, um cinema de encontros, marcado por uma grande sensibilidade e cuidado na construção do olhar que direciona aos seus personagens. A mostra se divide em cinco programas que apresentam o percurso cinematográfico do cineasta, desde a faculdade até seu mais recente longa, lançado em 2015.
Cena do filme Esse amor que nos consome (2012), de Allan Ribeiro
Cena do filme Mais do que eu possa me reconhecer (2015), de Allan Ribeiro
Os três primeiros programas apresentam os curtas do diretor divididos em diferentes temas. O primeiro, Universitários, é dedicado aos filmes realizados durante a graduação em cinema. São obras experimentais, de criação, nos quais podemos acompanhar um realizador em formação que vai, aos poucos, no próprio fazer cinematográfico, constituindo uma visão e uma prática de cinema. Neste primeiro programa, podemos destacar Boca a Boca, curta de ficção, concebido a partir do conto “A Mentira” de Luís Fernando Veríssimo, que explora, de forma cômica, os problemas de comunicação numa espécie de “telefone-sem-fio”. Destaca-se ainda O brilho dos meus olhos, curta-metragem produzido como filme de formatura que trata de forma sensível a oposição entre o mundo do trabalho e do sonho, do desejo na vida de um operário da construção civil.
O segundo programa, “Em casa”, parte de filmes ambientados no interior de uma residência ou nos “lares” dos personagens. Ensaio de Cinema e A Dama do Peixoto são obras que utilizam a metalinguagem ao apresentar personagens atuando em sua própria rotina, criando a si mesmos e sendo criados pelo olhar do outro em suas variadas maneiras de expressão. Escrito em parceria com Gatto Larsen, Ensaio de Cinema foi baseado em performance da Companhia Rubens Barbot. Já o documentário A Dama do Peixoto trata de olhares externos sobre uma mulher que frequenta a praça do bairro do Peixoto, foi co-dirigido com Douglas Soares. E Depois das Nove é um curta de ficção, sobre estranhos acontecimentos na casa de um jovem a partir do momento em que escuta diariamente o alarme de um despertador.
O terceiro programa, “Retratos e Encontros”, se organiza a partir de uma tendência na carreira de Allan Ribeiro: filmes que surgem da amizade, dos encontros e das parcerias criativas entre o diretor e seus personagens. Seus roteiros e criações são pensados em conjunto com os protagonistas dos filmes, na transposição do real para a tela do cinema. Assim são os mais recentes curtas e os dois longas metragens de Allan Ribeiro. O filme O clube, por exemplo, foi concebido a partir do encontro de Allan com os membros da Turma OK, tradicional grupo LGBT da cidade do Rio de Janeiro, do qual o diretor constitui um retrato delicado e cuidadoso.
O programa quatro apresenta o primeiro longa de Allan Ribeiro, Esse Amor que nos consome. Realizado em 2012, o filme tem como protagonistas o diretor Gatto Larsen e o coreógrafo e dançarino Rubens Barbot. O roteiro foi escrito em parceria com os dois. Por fim o quinto programa traz o longa Mais do que eu possa me reconhecer, premiado na 18ª Mostra de Tiradentes, leva o espectador à convivência do diretor com o artista Darel Valença Lins, em seus processos de criação e diálogos com a própria arte e a arte daquele que o coloca como objeto fílmico.
Allan Ribeiro segue produzindo e atualmente está terminando seu terceiro longa-metragem, O dia da posse. Além disso, a série Noturnas, memórias do transformismo carioca, que apresenta 46 transformistas do Rio de Janeiro e que estará em breve sendo reapresentada em uma plataforma de streaming.
Além da exibição dos filmes, a retrospectiva se completa com um debate que contará com a participação de Allan Ribeiro, e dos professores da Universidade Federal Fluminense João Luiz Vieira e Mariana Baltar. A medição será feita por José Quental, coordenador de Cinema da Cinemateca do MAM e a transmissão acontecerá ao vivo no Youtube e Facebook do MAM Rio.
PROGRAMAÇÃO
Programa 1 – “Universitários”
SEX 7 maio – QUI 13 maio
O brilho dos meus olhos de Allan Ribeiro. Brasil, 2006. Com Marcelo Dias, Dona Antônia, Zezé Veneno. 11’. Classificação indicativa livre. Sinopse: Em busca de um momento prodigioso, para que faça algum sentido continuar vivendo.
Desconforto de Allan Ribeiro. Brasil, 2001. 1’. Classificação indicativa 12 anos. Sinopse: Um rapaz anda pela cidade com sua nova roupa.
Boca a boca de Allan Ribeiro. Brasil, 2003. Com Dal Ribeiro, Antônio Carlos Guerreiro, Angela Weiner. 17’. Classificação indicativa 10 anos. Sinopse: João e Maria não querem almoçar com os amigos. Precisam inventar uma desculpa. Como fazer isso sem perder a dignidade?
Papo de botequim de Allan Ribeiro. Brasil, 2004. Documentário. 20’. Classificação indicativa 12 anos. Sinopse: Documentário bem humorado sobre a importância cultural e democrática dos botequins na cidade do Rio de Janeiro.
Programa 2 – “Em casa”
SEX 14 maio – QUI 20 maio
Com vista para o céu de Allan Ribeiro. Brasil, 2011. Com Marcelo Dias e Adriana Calcanhotto. 10’. Classificação indicativa Livre. Sinopse: Homem e mulher tentam contato em uma grande metrópole, diante de tanta incomunicabilidade, onde o som urbano invade os espaços.
Ensaio de cinema de Allan Ribeiro. Brasil, 2009. Com Gatto Larsen e Rubens Barbot. 15’. Classificação indicativa Livre. Sinopse: Ele dizia que o filme começava com uma câmera muito suave, com um zoom muito delicado, e avançava em busca de Barbot.
Depois das nove de Allan Ribeiro. Brasil, 2008. Com Rafael Primo e Selma Lopes. 15’. Classificação indicativa 12 anos. Sinopse: Rafael vive com sua avó em um apartamento em Copacabana. Depois de alguns incidentes, ele percebe de forma diferente o mundo à sua volta.
A dama do Peixoto de Allan Ribeiro e Douglas Soares. Brasil, 2011. Documentário. 11’. Classificação indicativa Livre. Sinopse: Ela está aqui, ela está ali, e os invisíveis são os outros.
Programa 3 – “Retratos e Encontros”
SEX 21 maio – QUI 27 maio.
O quebra-cabeça de Sara de Allan Ribeiro. Brasil, 2017. Documentário. 10’30’’. Classificação indicativa 12 anos. Sinopse: Em mais um dia de trabalho, Sara junta as peças de seus preconceitos.
Darel e Raskólnikov de Allan Ribeiro. Brasil, 2019. Documentário. 14’. Classificação indicativa Livre. Sinopse: Quando eu leio grandes livros, tenho dentro de mim os impulsos de um grande personagem.
O clube de Allan Ribeiro. Brasil, 2014. Com Elaine Parker, Sophya Monroe, Patrícia San Lorran. 17’30’’. Classificação indicativa 12 anos. Sinopse: A turma OK comemora 53 anos.
O canto do homem de Allan Ribeiro. Brasil, 2013. Com Marcello Taurino. 4’. Classificação indicativa Livre. Sinopse: O novo integrante da Turma Ok vai encontrar o seu clube.
Programa 4
SEX 28 maio – QUI 03 junho.
Esse amor que nos consome de Allan Ribeiro. Brasil, 2012. Com Gatto Larsen, Rubens Barbot. 80′. Classificação indicativa 12 anos. Sinopse: Gatto Larsen e Rubens Barbot são companheiros há mais de 40 anos. Eles acabam de se mudar para um casarão abandonado no centro da cidade, onde ensaiam com sua companhia de dança. O dia-a-dia da dupla envolve a criação artística e a crença nos orixás. Através da dança, eles marcam os territórios do Rio de Janeiro.
Programa 5
SEX 4 junho – QUI 10 junho
Mais do que eu possa me reconhecer de Allan Ribeiro. Brasil, 2015. Documentário. Com Darel Valença Lins. 72′. Classificação indicativa Livre. Sinopse: Uma solidão de 800 metros quadrados, em que o espelho já não lhe basta. O artista plástico Darel Valença Lins descobre na videoarte uma companheira inseparável. Darel, no entanto, não gosta de fazer cinema.
DEBATE
SEX 21 maio (Youtube e Facebook MAM)
16h – Allan Ribeiro 20 anos de cinema. Encontro com Allan Ribeiro. Com Allan Ribeiro, João Luiz Vieira e Mariana Baltar. Mediação José Quental