José Carlos Avellar, um amigo e mestre

MARIALVA MONTEIRO

Não é difícil falar sobre este amigo que sempre me inspirou como mestre e estimulador do meu trabalho.  Amigo e companheiro também do meu marido Ronald Monteiro que trabalhou com ele na Cinemateca do MAM.

O cuidado e estilo explicativo de escrever suas críticas até hoje podem servir de ensinamento àqueles que queiram entender o cinema. 

Lembro o seu texto inesquecível no livro O Cinema Dilacerado

“ Uma das sequências mais bonitas de O Amuleto de Ogum é a visita de Eneida e Gabriel à família dela num subúrbio de São Paulo. Bonita porque parece uma história de verdade que acaba de ser inventada naquele instante mesmo. Os abraços do irmão e dos pais na porta da casa, o almoço, o forró que se segue, a comida e a festa parecem uma história de verdade, e não cena feita para o cinema. Mas o cinema vê esta cena como que de verdade inventando um novo modo de ver. A câmera muda de ponto de vista a todo instante, passeia em volta da mesa, participa da alegria, bebe, come, dança” 

Transcrevo também este trecho do livro O Chão da palavra: “A pintura fez cinema antes do cinema. Basta lembrar planos rápidos e coloridos que compõem as maças de Cézanne”.

Não foi difícil encontrar estes trechos nos livros porque as páginas e os parágrafos estão marcados a lápis por mim há muito tempo. É ou não uma aula de cinema? 

Tenho que agradecer aqui o estímulo que deu ao CINEDUC me convidando para coordenar o projeto “A escola vai ao Cinema” quando ele dirigiu a RIOFILME. Pudemos trabalhar com vários filmes brasileiros distribuídos pela empresa e com mais de 10 mil alunos nas escolas públicas, sendo que muitos deles estavam indo ao cinema pela primeira vez.

O seu entusiasmo pelo uso do cinema na educação o fez criar um filme em 16mm registrando as aulas do CINEDUC que infelizmente nunca foi terminado. Os negativos estão guardados no acervo da Cinemateca do MAM.

A homenagem a este escritor, crítico, gestor e professor admirável é mais do que merecida.

José Carlos Avellar registrando os alunos do CINEDUC no Colégio Notre
Dame no Rio de Janeiro (década de 70).

Marialva Monteiro é  fundadora do CINEDUC – Cinema e Educação, entidade que trabalha há 50 anos com o uso da linguagem audiovisual no processo educativo.

Informações:
[email protected]



Acessibilidade | Fale conosco | Imprensa | Mapa do Site