Curtas de Marcelo Ikeda

CURTAS

CURTAS 1 PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS (28´)

Primeiros curtas realizados por Ikeda, gravados e editados em VHS, numa estética crua e ruidosa. Em Depois da noite, a total ausência de som e os longos planos-sequência revelam as angústias interiores de um menino, entre a rotina da casa e os delírios do mundo externo. Já Casulo, composto por ruídos de som, também aborda os conflitos entre o interior e o exterior de uma forma exasperante. Na lata, simples exercício de uma disciplina, mostra o ponto de vista de um objeto descartável: uma lata de cerveja.

Depois da noite (1999, 18´51´´)
Casulo (2000, 8´03´´)
Na lata (2000, 1´)

CURTAS 2 EXPERIÊNCIAS INTERIORES (31´) 

Obras de teor experimental, envolvendo o interior, seja da casa seja do próprio autor. Entremeio é um olhar sobre a casa com um enfoque materialista, a partir de recortes de seus objetos e cômodos. A bag in the wind procura observar se é possível pensar em uma “mise en scène do mundo”, extraindo uma simetria e um equilíbrio mesmo diante de um acontecimento prosaico. Um filme abstrato – parte I é um ensaio formal totalmente silencioso que observa o universo do autor sob quatro perspectivas: a casa, o mundo, as coisas, eu. Já a parte II é um curioso exercício de cinema abstrato puro, composto exclusivamente por imagens de cor e timbres de voz, como uma pequena sinfonia rítmica entre imagem e som.

Entremeio (2002, 11´54´´)
a bag in the wind (2005, 2´04´´) 
Um filme abstrato – parte I (2005, 9´37´´)
Um filme abstrato – parte II (2005, 7´41´´)

CURTAS 3 A ROTINA DA CRIAÇÃO (74´)

Estes curtas mostram o trabalho de criação do artista e sua relação com a rotina do ambiente doméstico. O trabalho artístico é visto por uma perspectiva que se afasta da criação como inspiração romântica, focando na materialidade dos processos de criação e sua relação com a rotina. Cinediário é um curta ficcional, que mostra a rotina do trabalho de um artista que grava a mesma cena da janela de sua casa, no mesmo horário, durante uma semana. Auto-Retrato é um curta provocativo, que revela os dilemas interiores do artista por meio de um deboche autoirônico, ao mesmo tempo em um ritual de purificação. Natal, por meio de uma paródica simulação de um filme infantil da fase silenciosa, radicaliza essa perspectiva ao apresentar o Natal da própria família do realizador. Por fim, Tesouro do samba é um documentário de perfil mais tradicional, ao acompanhar a rotina do compositor Cadu no dia da grande final da escolha do samba-enredo da Mangueira para o Carnaval de 2014. 

Cinediário (2004, 22´16´´)
Auto-Retrato do artista durante a gestação (2005, 16´09´´)
Natal (2005, 15´42´´)
Tesouro do samba (2004, 20´)

CURTAS 4 ÍNTIMA SOLIDÃO (41´)

Este bloco de curtas mostra uma faceta típica dos cinediários de Ikeda: uma relação entre intimidade e solidão nos ambientes domésticos. Quase como um contraponto ao materialismo duro de Entremeio, Alvorecer recorta a rotina da casa por meio de seus objetos e cômodos vazios mas preenchidos de afeto pelo modo singular como o próprio autor cantarola o famoso samba de Dona Ivone Lara. Ikeda também canta um famoso samba em É hoje, oferecendo um olhar singular de intimidade e deslocamento diante da euforia do desfile das escolas de sambas do Rio de Janeiro, a partir de fotografias estáticas. Eu te amo, um dos mais característicos curtas de Ikeda, explora as angústias interiores do autor, entre sua profunda solidão e seu desejo de amar, num percurso pessoal em busca do sublime. Por fim, Abismo é uma experiência radical, em que o autor se coloca frente ao espelho de seu banheiro e experimenta sensações e sintomas em torno de seu próprio corpo.

Alvorecer (2002, 8´22´´)
É hoje (2006, 4´20´´) 
Eu te amo (2006, 8´44´´) 
Abismo (2005, 20´)

CURTAS 5 EXPERIÊNCIAS EXTERIORES (44´)

Este bloco de curtas se complementa à sessão Curtas 2, com obras de teor experimental, mas que, desta vez, buscam um contato com o mundo exterior. Rio oferece um olhar singular sobre os arredores da Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro, por meio de um materialismo seco, sem informação ou psicologia. a woman. an airport. an escalator. faz parte de um díptico com a bag in the wind, buscando extrair um rigor estético diante de um momento prosaico. Spencer, ontem, hoje e sempre se apresenta como um documentário sobre o cineasta e crítico pernambucano Fernando Spencer, mas este acaba capturado pelo “dispositivo Ikeda”, transformando-se em personagem. Domingo no parque observa de forma muito singular um dia comum de domingo no Parque Barigui, em Curitiba. Já Canção de amor recupera temas típicos dos primeiros trabalhos de Ikeda (a solidão, o esvaziamento do mundo) por meio de um diálogo físico com a arquitetura do Parque do Flamengo.

Rio (2001, 6´13´´)
a woman. an airport. an escalator. (2007, 4´07´´) 
Spencer, ontem, hoje e sempre (2003, 10´)
Domingo no parque (2008, 12´22´´) 
Canção de amor (2004, 11´16´´)

CURTAS 6 A PALAVRA (42´)

Esses curtas fazem parte de uma faceta da obra de Ikeda voltada ao uso da palavra escrita como materialidade fílmica, transformada em voz. O tom austero dialoga com os temas da morte, da dor e da perda, mas também do sublime. Isabella se baseia na carta pública escrita por Alexandre Nardoni em sua prisão preventiva, acusado do assassinato de sua própria filha. Carta de um jovem suicida, realizado em um único plano-sequência, se concentra num duro momento para uma mãe: quando ela chega ao apartamento do filho e descobre uma carta de suicídio de seu filho endereçada a ela. Já Diário de uma prostituta perscruta o cotidiano e os desejos íntimos de uma famosa garota de programa, por meio da leitura de trechos de seu diário, buscando retirar todo o espalhafato em torno de sua persona para talvez vê-la verdadeiramente nua, despida de seu personagem midiático.

Isabella (2008, 5´47´´) 
Carta de um jovem suicida (2008, 25´15´´)
Diário de uma prostituta (2008, 11´17´´) 

CURTAS 7 A POLÍTICA DAS IMAGENS (40´)

Esses dois curtas, realizados em parceria com o cineasta Fábio Rogério, são uma reflexão sobre o processo político brasileiro, a partir de material de arquivo extraído do horário político eleitoral. Não procuram defender um candidato específico mas apontar para os paradoxos da campanha e como a política se tornou uma questão de imagem, em que a retórica publicitária importa mais que os discursos em si. O brado retumbante se baseia na campanha dos três principais candidatos da eleição presidencial de 2014 (Marina, Aécio e Dilma), enquanto Impávido colosso faz um paralelo entre as eleições de 1989 e 2014, ambas resultando em impeachment.

Impávido colosso (2018, 15´) 

O brado retumbante (2016, 24´53´´) 

CURTAS 8 NARRATIVAS FICCIONAIS (56´)

Este bloco reúne curtas com uma típica estrutura ficcional, baseada em roteiro e direção de atores. O posto, realizado em 16mm como projeto de conclusão da graduação em Cinema, mostra a crise de valores de um guarda diante da chegada de um curioso viajante. O homem que virou armário, único curta de Ikeda realizado com recursos de edital público, ressignifica a linguagem do cinema clássico para fazer uma crítica bem-humorada ao papel do trabalho na sociedade contemporânea, transformando os seres humanos em coisas. Já Um assunto meio delicado utiliza recursos de metalinguagem para explorar as angústias do processo de criação de um jovem artista. Ele tenta fazer um filme para expressar o que sente, mas fracassa.

O posto (2005, 15´20´´)
O homem que virou armário (2015, 22´29´´) 
Um assunto meio delicado (2016, 18´07´´) 

Informações:
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