Depoimentos sobre Julio Cesar de Miranda

Este espaço busca ainda ser uma espécie de memorial, um local onde estão recolhidos uma série de breves depoimentos escritos ou em vídeo enviados por muitos de seus amigos e companheiros de vida.

“Quando diretor cultural do Clube de Engenharia, logo chamei o Julio, e  ele foi o curador para as atividades da nossa cinemateca. Exerceu com amor e o brilhantismo de sempre quando se tratava de cinema”.
Alcides Lyra Lopes

“Ave César! Ave Júlio César de Miranda do reino Polytheama. Sua contribuição para os cinéfilos de carteirinha  foi inigualável. Um privilégio ter trabalhado com você”.
Beth Serpa

“Creio que umas das primeiras lembranças que guardo do Júlio foi a dele tocando Für Elise ao piano. E o Noturno, também de Beethoven. Tocava bem, com muita delicadeza. Lembro também, nos anos 60, dele discutindo com meu avô “Sou comunista, sim!”, e meu avô desesperado, pedindo para ele falar baixo. Não sabia o que era aquilo, ficava assustada com o tom de voz, de reprovação, de minha mãe quando se referia ao irmão. Como podia ter nascido tão rebelde numa família tão tradicional? E este tom o acompanhou por toda a vida. Da música, passou à beleza da precisão na engenharia (o engenheiro pensa o mundo justo, escrevia João Cabral) e à beleza do sonho do cinema (as imagens, como num sonho, aparecem e desaparecem, como escrevia Avellar). Sua presença amiga, eternamente gauche, sua disposição para ajudar, opinar, discordar, discutir, pensar e mudar o mundo, mesmo que um detalhe, permanecerá em mim sempre viva e pulsante”.
Claudia Miranda Duarte

“Julio era meu amigo pessoal e exuberância talvez seja uma boa palavra para defini-lo. A intensidade de suas convicções podia às vezes assustar, mas era só pretexto para provocar uma boa discussão. Fazíamos parte de uma geração que acreditava piamente que ia mudar o mundo rapidamente e de maneira radical. Não foi bem assim, mas no caminho nos divertimos, amamos, sofremos, choramos, aprendemos …. e construímos uma vida própria, única, onde só há lugar para amizade, solidariedade e esperança. Com sua inteligência, cultura e emoções, Julio enriqueceu a vida de todos que tiveram o privilégio da sua convivência”.
Eliane Dutra Corrêa de Sá

“Júlio foi a primeira pessoa a me ensinar sobre o cinema brasileiro, através de me emprestar fitas VHS durante minha primeira estadia no Brasil em 1991. Ele fez questão de me dar cópias para levar para Inglaterra e mostrar para meus alunos. Júlio nunca deixou de ser meu professor de cinema, e virou um grande amigo que acompanhou minha carreira universitária e minhas pesquisas. Ele e a Lúcia me receberam várias vezes na casa deles em Botafogo, em Pedro do Rio e na Tijuca. Tive imenso prazer de ele e a  Lúcia, que também virou uma grande amiga (que delícia o doce de jabuticaba dela!), assistirem ao lançamento de um livro meu no Rio há alguns anos atrás! Nunca esquecerei a generosidade e o senso de humor do meu amigo, Júlio”.
Lisa Shaw
Professora de Estudos Brasileiros no Instituto de Estudos Latinoamericanos na Universidade de Liverpool

“Fui contemporâneo de Júlio na Escola Nacional de Engenharia, quando no velho prédio do Largo de São Francisco fervilhava o interesse por política, cinema, além de engenharia. De lá surgiram grandes realizadores, como Leon Hirschman e Zelito Vianna, bem como aficcionados e divulgadores como Júlio Cesar de Miranda. Seu interesse e, mais do que isso, sua paixão pelo cinema legou a muitos que tiveram o privilégio de conhecê-lo e sobretudo, de frequentar as saborosas sessões e discussões no Polytheama, clube de cinema que ele criou, o prazer de assistir um filme, pela sua fotografia, desempenho dos atores, direção e enredo. Saudades do Júlio e de seu entusiasmo pelos filmes que apresentava”.
Pietro Erber

“Oi, Julio! A última vez que nos falamos você já estava no hospital, mas era um bom momento, de muito bom humor. Rimos muito, e lá pelas tantas você lembrou que a Lucia tinha contado que eu tinha desativado o consultório presencial e que minha casa estava uma enorme bagunça  tantas as caixas de papéis e livros. Rindo muito, você disse que não me preocupasse, já que quando saísse do hospital viria me ajudar a arrumar. Pois é, meu amigo. A casa continua bagunçada e eu continuo esperando que você venha me ajudar. Beijo”.
Roberto Musacchio



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