Elessão (de Sergio Santeiro)

O imperativo gregário aos viventes

Os humanos se agregam

Famílias aldeias cidades

Quando viemos à vida o mundo já estava pronto

A cada um compete incluir-se nêle

Em algum momento reconhece-se líderes

É o mais forte?

É o que defende a todos?

É o que fala ao coletivo?

Envoltas em seus afazeres as pessoas não têm como cuidar dos interesses comuns a todos

De onde vem a água

De onde vem a luz

Pra onde vai o lixo

À beira rio ou mar plantadas cidades são expostas às águas

As marés os dilúvios

Há que protegerem-se e até de uns aos outros

E ao enfrentar as ameaças emergem líderes no grupo

Quem cuida da roça no seu roçado não tem como cuidar do resto

Delegam a quem os represente por afinidade de sangue espírito ou crença

No atendimento às demandas das crescentes sociedades

Nos dias que correm seu castelo é o govêrno

Quem quer ser govêrno 

Quem quer governar

Quem quer liderar 

A maioria não quer

As vitórias no mundo são feitos de líderes?

Líderes são eternos?

As pessoas em cada canto são milhões

As que vivem mal e as que vivem bem

Com tantas diversas vidas a quem uns e outros reconhecem a liderança

E convencionou-se de tempos em tempos se faz a escolha

É o voto

Cada um escolhe

O cidadão no seu voto confia que o seu eleito vai dar conta do recado

Enquanto roça o roçado não é sua obrigação cuidar de todos

É a obrigação de quem se elege

Ao entrar no castelo vê-se a força e a fraqueza de cada um

Falará pelos fortes?

Falará pelos fracos?

De tempos em tempos se faz a escolha

Sergio Santeiro
13 de novembro de 2020

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