Fazendo cinema na quarentena

Cavi Borges já faz parte da história da vida cultural do Rio de Janeiro. Durante anos, gerenciou a Cavídeo, na Cobal do Humaitá, a locadora dos cinéfilos, com cardápio imbatível de clássicos e cults. Mas foi além, associando-se a produções de baixo orçamento, realizadas em prazos curtos, e hoje tem mais de 60 produções no currículo.

Em plena pandemia, Cavi juntou-se ao cineasta Bebeto Abrantes para realizar “Me Cuidem-se!“, um filme-processo feito sem contato físico entre os participantes. Depoimentos de pessoas de várias partes do Rio de Janeiro, como a coreógrafa Regina Miranda e o artista plástico Arthur Palhano, todos enfrentando à sua maneira o estressante cotidiano do isolamento social, foram enviados pela internet. O plano dos diretores é atualizar semanalmente o documentário, construindo um registro singular que certamente já tem lugar na história.

A Cinemateca do MAM fez contato com o diretor, que liberou as imagens para que o museu mostrasse digitalmente. O MAM Rio vai exibi-las em suas instalações físicas quando a quarentena terminar. (Ricardo Cota)

TRÊS PERGUNTAS PARA CAVI

Como é possível realizar um filme em plena quarentena?

A experiência tem sido toda virtual, sem contato físico. Escolhemos dez pessoas de lugares e extratos sociais distintos e solicitamos que enviassem seus relatos pela internet. Em uma semana já tínhamos um farto material.

Que papel a cultura tem desempenhado na quarentena?

A cultura está mostrando a sua força neste momento de isolamento. Mesmo com todos os problemas que enfrentamos, com o desinteresse do governo pelo setor cultural, os artistas estão aí, atuando pelas redes, fazendo o que é possível. Afinal o que seria de nós sem os filmes, sem os livros e sem a música neste momento tão difícil?

Qual a importância desta parceria com o MAM Rio?

Sou frequentador assíduo do MAM e da Cinemateca há muitos anos. Um dos meus filmes (Um Filme Francês) teve uma sequência inteira filmada lá. Para mim é sempre uma honra poder trabalhar em parceria com o Museu e a Cinemateca. Ainda mais neste momento, tão complexo, em que todos precisamos juntar esforços pela arte e pela preservação da nossa saúde. Espero em breve poder exibi-lo no MAM e darmos prosseguimento ao debate sobre tudo o que está acontecendo no Brasil e no mundo.



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