Homenagem póstuma tio Júlio

PATRÍCIA MAGALHÃES GOMES

21 março 2022

Certas coisas na vida não sabemos como começar, e muito menos o que escrever para expressar o que sentimos… Um misto de tristeza com alegria…

A tristeza de um luto pela perda de alguém que marcou nossa existência, da dor de não poder estar com a minha querida madrinha tia Lúcia, com meu primo Tiago. A dor de não ter podido ir ao Rio estar com eles desde 2018, de não poder ir ao Rio dar o meu último adeus e de confortar minha madrinha!

Mas alegria de saber que o tio Júlio viveu plenamente os seus quase 80 anos, e que hoje, lá junto com minha mãe e meus avós, continua a cuidar de nós intercedendo junto a Deus pelas nossas necessidades. Sim, alegria de ter podido conviver de perto, apesar da distância que nos separa com alguém que foi capaz de transmitir na simplicidade da vida o olhar, o cuidado, a preocupação pelo outro!

Se por um lado a morte nos separou no tempo e no espaço, e será deveras esquisito estar no Rio e não poder vê-lo e conversar e dar risada, por outro a certeza da sua alegria de estar na eternidade junto de Deus nos consola, e permite ao Espírito Santo preencher com esperança o vácuo deixado pela sua ausência no Chronos da nossa existência, até que possamos estar juntos novamente na eternidade.

São Gregório Magno tem uma frase muito linda, a qual diz: “Insensato seria o viajante que, em contemplando a beleza da paisagem, se esquece de continuar a viagem até o fim”. Sim, tio Júlio completou a viagem até o fim, depois de ter combatido o bom combate.

A nós fica a tristeza da sua ida para a eternidade junto com a alegria das doces lembranças de quando estávamos juntos. Lembranças da sua inquietude de cada vez que eu ia ao Rio de inventar um passeio diferente para mim, dos seus conhecimentos de filmes e sempre achar um que eu gostasse de assistir, de tantas e tantas conversas…

Não posso dar um adeus ao tio Júlio, mas um até logo, pois um dia também morrerei. Mas enquanto isso não acontece fica a doce lembrança da sua existência ensinamentos; junto com uma imensa gratidão por tudo o que fez pelos meus avós, pela minha querida madrinha tia Lúcia, pelo Tiago, pela sua  própria família, em especial pela sua irmã Glória, e por mim também.

Viagens chegam ao fim, a vida no tempo e no espaço chega ao fim, mas o amor com que se vive a vida a cada dia, mesmo que não vire filme, não chega ao fim, mas vai por inteiro para a eternidade. Obrigada tio Júlio, por ter sido tão presente e significativo na minha vida.

Por ocasião da mostra “Homenagem a Julio Cesar de Miranda”, este espaço busca ainda ser uma espécie de memorial, um local onde estão recolhidos uma série de breves depoimentos escritos ou em vídeo enviados por muitos de seus amigos e companheiros de vida. Assista aos filmes na Cinemateca do MAM online de 1º a 30 de abril de 2022.

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Informações
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