Olhos feiticeiros desnudam o violão.
As cordas gemem, sibilam, estridam.
O corpo pensa enquanto as māos dançam gesticulando coreografias que esculpem sons.
Nāo satisfeito, o desregrado violonista, introduz objetos em seu violão:
molas, canetas Bic, bolas de pingue-pongue e delira, por quê não?
Atrevido e irreverente, vocifera ruídos e estremece silêncios com provocações atonais.
Mexe e remexe nas cravelhas e viola a afinaçāo das cordas na cabeça do violão.
Ora as estica, ora as afrouxa, vislumbra timbres novos e um novo som aflora.
Inebria-se com imagens melodiosas,
evoca a memória de ancestrais instrumentos
e fixa vertigens exalando estados de ser pra atiçar a sublime e onírica composiçāo.
Assanhado, arranha a silhueta de madeira como quem coça uma emoçāo
e batuca em tempos no tampo convicto que o movimento tem som.
Pausa.
COF-COF-COF…PESTEOU O LAGARTO
O violonista, se dá conta de que é uma extensão do seu violāo.
Violāonista é o que ele é.
Violāonistas é o que eles sāo.
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“Desvendando o Violāo Expandido” nos aproxima de um universo mais amplo e ilimitado, liberto, inteiro e integrado às matizes do som universal ou da natural e destemida espontaneidade de uma criança no processo de descoberta do novo ao mergulhar curioso no desconhecido.
Parabenizo o meu genial amigo Mario da Silva por esse registro raro, significativo, de profundo aprendizado e, agradeço pela preciosa oportunidade de poder desfrutar do seu conhecimento, talento e afeto pela música e amor pelo violāo.
Evoé
João Vitti é ator formado em Artes Cênicas pela UNICAMP. Dentre inúmeros trabalhos para TV e Teatro, também trabalhou no cinema destacando Cães Famintos dirigido por Beto Oliveira.
A Cinemateca do MAM é patrocinada pela Samambaia Filantropias.
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