IVONE R. BARRETO
Diz-se encantado para o que é cheio de ventura, entusiasmo, enlevo! Assim era o meu amigo Julio, encantado, dono de um entusiasmo arrebatador, que ele colocava nos seus projetos, na sua fala, em tudo que fazia. Inteligência e generosidade eram outras de suas características proeminentes, impossível deixar de destacá-las.
Eu o conheci ainda estudante da Escola de Engenharia, fazia parte da direção do cineclube do Diretório Acadêmico, tinha uma vasta cultura cinematográfica e já frequentava a intimidade da cinemateca do MAM, por conta de seu saber, de sua correção e postura ética.
Eram os tempos da Nouvelle Vague francesa, do Cinema Novo brasileiro, do cinema polonês de Wajda, de Polanski, tantos mais teria a citar. As conversas eram boas: cinema, literatura, música. Ouvíamos Julio recitar trechos de “Deus e o Diabo na Terra do Sol” e ele dançava a dança de Othon Bastos.
Em torno do cineclube formou-se um grupo de futuros engenheiros com o coração nas artes. Sensíveis também ao que se passava no país, participavam do movimento estudantil, contrários ao golpe de militar de 1964, em defesa da universidade pública e do retorno do país à normalidade democrática.
Nós nos encontramos muitas vezes ao longo da vida. Conheci sua adorável mulher Lucia, quando ainda namoravam no ano de 1975 e depois já na década de noventa tornei-me vizinha do casal no prédio de nº 64 na rua Marquês de Olinda. O filho Tiago, nascido em 1979, já era adolescente.
Agradeço ao Julio por muitas coisas. Foi uma honra e uma felicidade tê-lo tido como amigo.
Julio Cesar de Miranda!
– Presente.
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Por ocasião da mostra “Homenagem a Julio Cesar de Miranda”, este espaço busca ainda ser uma espécie de memorial, um local onde estão recolhidos uma série de breves depoimentos escritos ou em vídeo enviados por muitos de seus amigos e companheiros de vida. Assista aos filmes na Cinemateca do MAM online de 1º a 30 de abril de 2022.
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