Mostra marca parceria entre Fiocruz e Cinemateca

Saúde e ambiente – Documentário como forma de expressão e debate

WAGNER DE OLIVEIRA

A pandemia de Covid-19 lançou luzes sobre a emergência da necessidade de discussões sobre a qualidade das informações sobre saúde pública em circulação. Fakenews, descontextualização de dados epidemiológicos e sanitários, necessidade de maior entendimento público sobre papel da ciência, dos cientistas e do SUS, pouco conhecimento sobre temáticas como desenvolvimento sustentável, gentrificação e de que o estado de saúde individual e coletiva está diretamente ligado aos chamados determinantes sociais da saúde.  Chaves que apontam para um estado de coisas que exige que a sociedade entenda que saúde como direito de todos e dever do Estado – como diz a Constituição – é, antes de tudo, a adesão a um processo civilizatório, como apontaram os teóricos e pesquisadores da Reforma Sanitária brasileira a partir dos anos 1970.

O debate Saúde e ambiente – Documentário como forma de expressão e debate, que abre nova parceria entre o Museu de Arte Moderna (MAM-RJ) e a Fiocruz, pretende contribuir para as reflexões neste sentido. A comunicação, representada aqui pela produção audiovisual, entendida como direito humano, numa perspectiva dialógica. Atuando como força para ampliação de uma consciência crítica e cidadã, capaz de fazer pensar em projetos de mundo possíveis. Pois é esta missão que pauta o selo Fiocruz Vídeo-VideoSaúde, responsável pela produção, distribuição e guarda de produções audiovisuais desde os anos 1980.

Nada melhor, portanto, que principiar a parceria com o MAM abordando o tema saúde e ambiente. A obra e a intensa produção dos documentaristas Beto Novaes e Tiago Carvalho, parceiros em distintas produções da VideoSaúde, tornam possível a aproximação com um tema de distinto relevo como a emergência de novas miradas para o lugar dos agrotóxicos, para outros modos de lidar com a terra, o solo, a água e o ar e para o direito de populações sobre seus territórios de origem e à agricultura familiar.

Dois documentários, disponibilizados previamente nos canais do MAM, são o ponto de partida para o debate proposto. Em O diagnóstico, de Beto Novaes, uma trajetória individual remete à dimensão coletiva que os agrotóxicos ocupam. A vida de Lídia desnuda a urgência de um debate inadiável. Já em Chapada do Apogi, morte e vida, de Tiago Carvalho, a história de 6 mil agricultores familiares aponta para realidades que precisam sair da invisibilidade.

Duas obras que abrem portas para reflexões para bem qualificar qualquer debate. Afinal, vivemos em tempos de pós-verdades em que uma pandemia escancarou os desafios informacionais dos dias atuais. Onde abordagens distintas da grande mídia sobre saúde e ambiente também são muito oportunas. É o ofício dos documentários escrevendo uma nova história. Atentos a diferentes atores e gentes do Brasil. 

O debate celebra também o aniversário de 121 anos da Fundação Oswaldo Cruz neste mês de maio e integra a programação do Núcleo de Estudos Audiovisual e Saúde (Neavs) da VideoSaúde-Icict-Fiocruz.

Wagner de Oliveira é editor executivo selo Fiocruz Vídeo, documentarista e coordenador do Neavs|Fiocruz



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