Programação online gratuita no Vimeo
Retrospectiva Alumbramento
Em outubro apresentamos no canal online da Cinemateca do MAM o trabalho de um dos coletivos mais prolíficos e criativos de cinema produzido no Brasil neste início do século XXI, o Alumbramento. Entre os anos 2006 e 2016 o coletivo de Fortaleza realizou alguns dos filmes mais instigantes do cinema brasileiro contemporâneo, cujo impacto extrapolou em muito as fronteiras daquela cidade repercutindo em todo o país e também internacionalmente. Com obras criadas de forma coletiva e lançando mão das ferramentas e tecnologias digitais cada vez mais acessíveis, o Alumbramento participou de um processo de “renovação dos modos de fazer audiovisual” que se contrapunha de forma consciente aos modelos hegemônicos do mercado brasileiro. Dos filmes mais alternativos e urgentes até aqueles realizados com maior estrutura e recursos, a produção do coletivo se tornou incontornável para compreendermos o cinema realizado no Brasil nos últimos 15 anos.
A retrospectiva que hora apresentamos não busca ser exaustiva. Não há intenção de definir o que foi aquela experiência. O objetivo é antes o de observar uma certa trajetória e de destacar alguns elementos a partir das obras escolhidas. Em cinco programas apresentamos um percurso fílmico que busca dar conta do processo de criação e desenvolvimento do grupo, partindo das experiências que antecederam sua formação (em especial na Vila das Artes e no Alpendre) até chegar as produções mais recentes realizados num esquema de produção mais robusto e profissional. Na primeira sessão destacamos os antecedentes do coletivo, com três curtas-metragens realizados no contexto da Vila das Artes e do Alpendre, espaços de criação e encontro de Fortaleza que estão no centro da estruturação do Alumbramento: Espuma e Osso, Vista Mar e Casa da vovó.
A sessão se completa com Sábado a noite, Doc TV dirigido por Ivo Lopes Araújo considerado como filme inaugural do grupo. O segundo programa é composto por seis curtas-metragens que apontam a diversidade estética e de relações existentes no seio do Alumbramento: Perto demais, Azul, Longa vida ao cinema cearense, Cidade desterro, A amiga americana e Meu amigo mineiro. No terceiro programa trazemos dois filmes dos mais emblemáticos do projeto Alumbramento, o curta As Vezes é Mais Importante Lavar a Pia do Que a Louça ou simplesmente Sabiaguaba e o longa Estrada Para Ythaca, que este que este ano completa dez anos de sua produção e premiação na Mostra de Cinema de Tiradentes. O quarto programa é composto por As corujas, Dizem que os Cães Veem Coisas e do longa Com os punhos cerrados. Por fim, o quinto programa exibirá os curtas Flash Happy Society e O Mundo é belo além do último longa-metragem produzido pelo coletivo antes de sua dissolução e aquele com maior estrutura de produção, O Último trago.
A retrospectiva se completa com mais dois eventos. Em primeiro lugar um debate entorno (e à partir de) Estrada para Ythaca com a participação dos diretores do longa e também de três críticos convidados: Claire Allouche, Francis Vogner dos Reis e Ruy Gardnier. Em segundo lugar apresentamos uma sessão especial do filme Medo do Escuro de Ivo Lopes Araujo, obra concebida para ser executada com trilha musical ao vivo.
Mais do que celebrar o cinema do Alumbramento – o que toda retrospectiva acaba fazendo – nosso objetivo aqui é propor novos encontros com aquelas obras e novos olhares para a história do coletivo. Ainda que se trate de uma produção recente entendemos que é um momento oportuno de revisitar essas obras, de pensar essa experiência e de procurar entender quais foram suas contribuições e, quem sabe, avaliar quais os desdobramentos e ressonâncias que este cinema pode ter hoje.
É interessante notar que o Alumbramento, como pode ser visto nos mais diferentes textos escritos e entrevistas concedidos por seus membros, sempre demonstrou uma grande preocupação e cuidado com sua história e sua memória. Neste sentido, vale destacar que esta retrospectiva foi elaborada em diálogo com Ricardo Pretti que ajudou a precisar certos elementos e escolhas. Embora este aspecto permita inserir esta retrospectiva dentro deste movimento de cuidado, ela não esvazia aqueles que são os gestos mais importantes na escrita da história do cinema: ver e rever obras. O Coletivo também se preocupou com a salvaguarda de sua produção, encaminhando em 2015 cópias de todos os seus filmes para o acervo da Cinemateca do MAM, o que se completará em breve com novos materiais das produções mais recentes.
Homenagem a Sérgio Ricardo
Neste mês de outubro homenageamos um dos mais importantes criadores brasileiros mortos aos 88 anos. Seja como cineasta, cantor, compositor, escritor ou ator, Sérgio Ricardo contribui de forma ímpar para a riqueza e diversidade da cultura brasileira, em particular de nosso cinema. Nesta homenagem exibiremos o curta documental Na Rota do Vento, o cinema na música de Sérgio Ricardo dos diretores Cavi Borges, Marina Lutfi (filha de Sérgio Ricardo) e Victor Magrath.
Dia Mundial do Patrimônio audiovisual
No dia 27 de outubro se comemora o Dia Mundial do Patrimônio Audiovisual. A data marca a adoção da “Recomendação pela Salvaguarda e conservação das imagens em movimento” pela Convenção Geral da UNESCO realizada em Belgrado em 1980. O documento, que este ano completa 40 anos, tornou-se um dos instrumentos mais importantes na luta pela preservação do patrimônio audiovisual em todo o mundo. Em 2020 o tema do Dia Mundial do Patrimônio Audiovisual é “Sua janela para o mundo”. Como faz há diversos anos, a Cinemateca do MAM se junta a suas congêneres nacionais e internacionais através do Coordinating Council of Audiovisual Archives Associations (CCAAA) para celebrar a importância deste patrimônio cultural (https://www.ccaaa.org/WDAVH2020)
Nesta ocasião apresentaremos o projeto Acervo Djalma Corrêa: Música e Cultura Afro-Brasileira. Desenvolvido pela Balafon – Núcleo Brasileiro de Percussão, com o apoio do Rumos Itaú Cultural, o projeto prevê a organização, a catalogação, a digitalização e a difusão do acervo reunido pelo instrumentista e compositor Djalma Corrêa que registra inúmeras manifestações culturais, em particular ligadas ao patrimônio afro-brasileiro considerado imaterial como a capoeira, maculelê, afoxé, samba de roda, congo, terreiros de candomblé e xangô. A Cinemateca do MAM vem dando suporte ao projeto Acervo Djalma Corrêa, sobretudo em termos técnicos e de empréstimos de equipamentos.
Sessão especial Guarany- Eu sou o menino do Cinema Paradiso e Misérias e Grandezas de São José do Rio Preto
Ainda dentro da programação de outubro exibiremos o curta documental Guarany – Eu sou o menino do Cinema Paradiso de Aline Castella. O curta aborda a história do pioneiro do Rádio e do Cinema em Petrópolis, Jacy Guarany, fundador da Petrópolis Film e de seu filho Gilberto, criador da equipe de som Furacão 2000 nos anos de 1970. Junto ao curta de Aline Castella vamos exibir o filme Misérias e Grandezas de São José do Rio Preto de Raul Ramos. Filme realizado pela Petropolis Film na década de 1940, é um dos raros registros em movimento desta região. A obra foi restaurada em 2014 com o apoio de um edital da Secretaria de Estado de Cultura do Estado do Rio de Janeiro.
Dia das crianças e dos/as Professores na Cinemateca – Exercícios poéticos. Série Aula SUSpensa.Dentro das comemorações do dia das crianças e do dia do(a)s professore(a)s, a Cinemateca do MAM propõe a exibição de alguns vídeos realizados por/com aluno(a)s da rede pública estadual em Niterói. Os Exercícios poéticos. Série Aula SUSpensa foram realizados por estudantes do 6 e 7° anos da FAETEC, Fundamental Henrique Lage e do 6o ao Ensino Médio do Colégio Conselheiro Josino num projeto coordenado pela professora Mariana Abbade durante a quarentena. Com todas as dificuldades, sofrimentos e angústias impostas pelo isolamento social e pelo fechamento das escolas, esses vídeos refletem um pouco da importância que o afeto, o cuidado a troca entre crianças e professores podem ter na vida de cada um(a). Estes delicados gestos audiovisuais vão acompanhar parte das sessões online da Cinemateca ao longo do mês.