Homenagem

O MAM Rio presta homenagem ao grande colecionador de arte moderna e contemporânea brasileira Gilberto Chateaubriand pelo seu aniversário de 95 anos, completados hoje. A coleção de Gilberto Chateaubriand apresenta um panorama quase completo da produção artística brasileira. Empresário e diplomata, Gilberto nasceu em 1925 em Paris e é filho do jornalista, advogado, político, empresário e mecenas Assis Chateaubriand (1892-1968), que fundou e dá nome ao Museu de Arte de São Paulo (MASP).

A primeira obra da coleção de Gilberto foi uma pintura de Pancetti, presenteada a ele pelo próprio pintor, em 1953, quando fazia uma visita ao ateliê do artista numa viagem à Bahia. Logo ele passou adquirir mais obras de Pancetti e de outros artistas até criar a coleção que abarca desde o modernismo, do início do século XX, passando pelas fortes transformações das décadas de 1950, 1960 e 1970, até a produção contemporânea.

Ninguém arrisca afirmar qual a dimensão exata da coleção de Gilberto, já que ele sempre fez questão de mantê-la em crescimento constante, sem a ajuda de conselheiros ou curadores. Anos atrás, estimou-se que a coleção teria ultrapassado a marca das 8 mil obras. O MAM tem a honra de abrigar em comodato de longa duração, desde 1993, 6.630 obras dessa coleção, parte delas sempre em exposição na sede do museu no Parque do Flamengo.

“Um homem de cultura, que sempre frequentou exposições, ajudou muitos artistas, formou em torno dele uma entourage e se tornou uma espécie de prócer do colecionismo brasileiro. Tinha o desejo irrefreável de adquirir obras. Gilberto fez do colecionismo sua vida cotidiana”, lembra Fernando Cocchiarale, curador do MAM. “Ele é o remanescente de uma geração das elites cultas brasileiras que tinham um projeto de país, que viveu não só o grand monde internacional, mas também era próxima dos artistas. Gilberto sempre adorou estar com os artistas. Os artistas frequentaram a casa dele com muita desenvoltura. Todo dia quando almoçava, ele tomava uma ou duas caipirinhas de lima-da-pérsia, e em geral sempre tinha um convidado. Sua vida é temperada e colorida por sua relação com os artistas e com sua coleção”, lembra Cocchiarale, professor de Estética da PUC-Rio e artista plástico que iniciou sua carreira na curadoria em 1981, justamente com a grande exposição “Do Moderno ao Contemporâneo, Coleção de Gilberto Chateaubriand”, no MAM, que compartilhou com o crítico Wilson Coutinho, com 411 obras.

Frequentador habitual de ateliês de muitos artistas, Gilberto continuou a recebê-los em sua fazenda de Porto Ferreira, no interior do Estado de São Paulo, onde se recolheu. O primeiro livro sobre sua coleção é de Roberto Pontual, publicado em 1976. Diversos outros se seguiram.

“Gilberto é provavelmente o colecionador que mais desempenhou uma função de agregador de todos os artistas brasileiros de diversas gerações. Todo fim de ano, fechava um restaurante popular na zona portuária, chamado Sentaí, atrás da Central do Brasil, que tinha uma lagosta maravilhosa, e reunia dezenas de artistas sem nenhuma frescura”, lembra Fernando. “Todas as coisas que ele organizava viravam um evento cultural.”

O MAM felicita Gilberto Chateaubriand pelo aniversário e expressa sua eterna gratidão pela grande visão e generosidade não só com os artistas e com o museu, mas com a sociedade brasileira, por deixar sua impressionante e histórica coleção em comodato de longo prazo, acessível ao grande público.

Veja a conversa de Gilberto Chateaubriand sobre sua coleção com seu filho, Carlos Alberto Gouvêa Chateaubriand, e com o curador Luiz Camillo Osorio.
O vídeo, de 2014, integrou a exposição “Genealogias do Contemporâneo”, ocorrida no MAM.



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