Apaixonado pelos biomas e pelas espécies vegetais brasileiras, Burle Marx se tornou um ativista da preservação ambiental, manifestando-se publicamente ao presenciar a devastação desses espaços, principalmente para a abertura de grandes estradas, como a Rio-Santos e a Transamazônica. Usou sua voz de forma ativa desde os anos 1930 e 1940, expondo questões relacionadas ao que hoje conhecemos como emergências ambientais e climática. À época, a identificação de espécies botânicas ainda não catalogadas pela ciência era uma ferramenta de disseminação de conhecimento e preservação de grupos vegetais que se encontravam na iminência de extinção. Coletando exemplares para cultivo e, posteriormente, para plantar em projetos de jardins, Burle Marx atuava como propagador da diversidade botânica do Brasil, garantindo que ela fosse vista, valorizada e perpetuada.
Vivendo a maior parte de sua trajetória profissional em um contexto urbano, focado no progresso, ele foi uma figura diferencial, uma vez que seus projetos integravam o desenvolvimento das cidades e o respeito pela vida botânica. Defendia a composição paisagística com espécies vegetais nativas que tivessem características ornamentais notáveis, observando as condições do solo e do clima de cada região para assegurar a adaptação delas. Em contextos contemporâneos, marcados pelo distanciamento da natureza e aliados a uma história de destruição ambiental, o legado de Burle Marx pode inspirar outros modos de convivência entre as pessoas e os demais seres vivos.
