Parkway da Praia de Botafogo
Rio de Janeiro (RJ), 1946 – 1954
Paisagista: Roberto Burle Marx
Botânico: Luiz Emygdio de Mello Filho
Tombamento municipal
Nos anos 1940, a orla carioca passou por importantes transformações urbanísticas com a construção de aterros que visavam à ligação direta entre a área central e a zona sul da cidade. Nesse contexto, o aterramento da faixa litorânea do bairro de Botafogo previa a duplicação de suas vias e um projeto paisagístico que introduziu novos conceitos sobre ajardinamento e arborização. A proposta, resultado da parceria de Roberto Burle Marx com o botânico Luiz Emygdio de Mello Filho, então diretor da Secretaria de Parques e Jardins, foi inspirada no modelo norte-americano de parkway, em que uma área verde urbana é acompanhada de largas avenidas para tráfego.
O projeto levava em consideração o fato de que a circulação de veículos pela via expressa possibilita a percepção das manchas da paisagem. Visando à quebra da monotonia dos tons de verde, foram introduzidas vegetações com texturas, volumes e cores distintas, que poderiam ser percebidas tanto nos carros em rápida velocidade quanto nos passeios dos pedestres. Esse é um projeto voltado para a expansão da cidade, e demonstra a preocupação do poder público em modificar a geografia local por meio do crescimento da indústria automobilística que, na época, começava a influenciar o modo de vida nas cidades. A participação de Burle Marx garantiu uma urbanização em diálogo com a vegetação local, imprimindo marcas emblemáticas da paisagem carioca mesmo com a passagem do tempo e a descaracterização do projeto original.
