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Nildo da Mangueira vestindo P 15 Parangolé capa 11 – Incorporo a revolta (1967), de Hélio Oiticica. Foto Claudio Oiticica, circa 1968
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Nininha da Mangueira vestindo P 25 Parangolé capa 21 Xoxoba (1968), de Hélio Oiticica, durante as filmagens de “H.O.”, de Ivan Cardoso, 1979. Foto Andreas Valentim
Hélio Oiticica passou a frequentar a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira em 1964. A partir da Mangueira, aprofundou suas reflexões sobre experiências estéticas para além das belas-artes, incorporando elementos corporais e sensoriais, populares e vernaculares ao seu trabalho, mediante a dança, a coreografia, a música, o ritmo e o corpo. Foi nesse momento crucial que Oiticica começou a produzir os Parangolés, que considerava “antiobras de arte”.
“Na arquitetura da ‘favela’, p.ex., está implícito um caráter do Parangolé, tal a organicidade estrutural entre os elementos que o constituem e a circulação interna e o desmembramento externo dessas construções, não há passagens bruscas do ‘quarto’ para a ‘sala’ ou ‘cozinha’, mas o essencial que define cada parte que se liga à outra em continuidade”, escreveu Oiticica em 1966.
Os Parangolés são capas, faixas e bandeiras construídas com tecidos e plásticos, às vezes com frases políticas ou poéticas. Ao vestir, correr ou dançar com um Parangolé, a pessoa deixa de ser um espectador para se tornar parte da obra de arte. É a partir do samba, da dança e da rua que Oiticica rompe definitivamente com as divisões entre artes visuais, música e dança, bem como com as noções de “estilo” e “coerência estética”, chegando a sua “descoberta do corpo”.
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Matheus Freitas com o Parangolé Eu sou pedra 90 (196-/1986), de Hélio Oiticica, em tinta plástica sobre tecido, 67 x 73,5 cm, da Coleção do MAM Rio. Doação Projeto Hélio Oiticica. Foto Deborah Engel
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José Celso Martinez Corrêa com P 21 Parangolé capa 17 Guevaluta (1968), de Hélio Oiticica, em técnica mista. Coleção César e Claudio Oiticica. Foto César Oiticica Filho
Outras séries de Hélio Oiticica
Metaesquemas, 1956-1958
Relevos espaciais, 1959-1960
Núcleos, 1960-1966
Bólides, 1963-1979
Cosmococa, 1973-1974
Penetráveis, 1961-1980
Links relacionados
A estreia dos Parangolés na exposição Opinião 65
Sobre a exposição Hélio Oiticica: a dança na minha experiência
Sobre a exposição COSMOCOCA – programa in progress: núcleo poético dos Quasi-Cinema
Uma biografia de Hélio Oiticica