27 JAN – 7 ABR 2024
Curadoria: Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel
Encerrada a 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível realiza sua primeira itinerância, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. O público carioca pode conferir no Salão Monumental e no terceiro andar do museu, a partir de 27 de janeiro, um recorte especial da mostra preparado pela equipe curatorial da Bienal – Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel, em uma correalização com o MAM Rio.
A exposição coreografias do impossível reúne um conjunto de práticas artísticas, movimentos culturais e sociais que desafiam o impossível em variadas formas. Referem-se a modos de expressão que lidam com a violência total, a impossibilidade da vida em liberdade plena e os limites da ideia de justiça. Assim como as suas linguagens, impactadas pelos desafios cotidianos dos tempos e contextos em que vivem, coreografam possibilidades estéticas e políticas nas quais se manifestam saberes e conhecimentos que se constroem, sobretudo, a partir da memória do corpo.
Elas são um convite a nos movermos por entre experiências que subvertem o conceito de uma história progressiva, linear e ocidental. Fundamentada em cosmologias e modelos de governança em que o tempo é concebido como uma espiral, sem a rigidez de estruturas e cronologias estabelecidas, esta Bienal se organiza sem categorias ou temas.
Segundo o coletivo curatorial, a seleção apresentada no MAM Rio oferece um panorama que reflete a força e a potência do que foi visto em São Paulo: “É um recorte da exposição que traz aspectos importantes da 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível. É um exercício desafiador, mas igualmente interessante, recortar uma exposição tão complexa e monumental, ainda mais pensando no contexto do Rio de Janeiro, uma cidade que tem tantos atravessamentos com as urgências contemporâneas e belezas que as coreografias do impossível trazem consigo.”
Aqui, encontramos uma coreografia de percursos e narrativas que privilegia o diálogo entre expressões artísticas a partir de uma teia de relações que se constrói, reflete e encontra ressonância em diferentes territórios impossíveis do globo. Elas contrariam a história, desenvolvem ferramentas, tecnologias e dispositivos, questionam sistemas de representação, especulam sobre o fim deste mundo e promovem exercícios de imaginação radical e de saberes insubmissos.
Dos 121 artistas participantes da Bienal em São Paulo, 19 estão presentes com seus trabalhos no MAM Rio: Citra Sasmita, Edgar Calel, Emanoel Araujo, Katherine Dunham, Leilah Weinraub, Luiz de Abreu, M’barek Bouhchichi, Malinche, Marilyn Boror Bor, Maya Deren, Min Tanaka e François Pain, Quilombo Cafundó, Rosana Paulino, Santu Mofokeng, Simone Leigh & Madeleine Hunt-Ehrlich, The Living and the Dead Ensemble, Torkwase Dyson, Xica Manicongo e Zumví Arquivo Afro Fotográfico.
Para Andrea Pinheiro, presidente da Fundação Bienal de São Paulo, “iniciar pela cidade do Rio é uma alegria e um desafio. Em uma metrópole onde o cenário cultural é tão rico e singular, levar esta mostra, que se comunicou de maneira tão direta com o público, representa uma grande conquista para a Fundação Bienal.”
Para Pablo Lafuente, diretor artístico do MAM Rio, a exposição reativa a colaboração que as duas instituições desenvolveram desde os anos 1950, quando os artistas premiados na Bienal de São Paulo eram mostrados em sequência no museu no Rio de Janeiro. “E, como aconteceu historicamente, ao deslocar as obras é possível não somente disponibilizá-las para novos públicos, mas também testar outros argumentos, desde a curadoria e a mediação.”
“No Rio, o MAM é o pouso natural para a itinerância desta Bienal. Para nós, é um prazer e uma honra receber as coreografias do impossível“, diz Paulo Vieira, diretor-executivo do museu.
fotos Fabio Souza/MAM Rio
A itinerância da 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível no MAM Rio conta com patrocínio master do Itaú, Instituto Cultural Vale e Bloomberg, e é realizada por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, do ProAC – Programa de Ação Cultural São Paulo e do ProMac – Programa Municipal de Apoio a Projetos Culturais de São Paulo.