A antiga bandeira de Pernambuco, feita por Antônio Alvares, no contexto da Revolução Pernambucana (1817), trazia elementos como o azul do céu, o branco da paz, o sol do futuro e as estrelas das capitanias que já tinham sido aderidas à confederação – alguns dos símbolos que sintetizavam os valores idealizados pelos independentistas em um movimento de caráter elitista e conservador.
Na bandeira imperial, encomendada em 1820 por Dom João VI ao pintor Jean-Baptiste Debret, outros signos de poder operam. No centro, o brasão do império traz referências à navegação e à cristandade expansiva, e às plantas de café e tabaco como símbolo das riquezas do território. Nele, as 20 estrelas brancas enumeram as províncias que compunham o território brasileiro.
As propostas sobre o modelo de país e de comunidade se refletem nos símbolos que as representam: bandeiras, brasões, palavras de ordem e elementos que identificavam aqueles que faziam parte dos movimentos emancipatórios. Alguns exemplos são o lema Surge nec mergitur (“Apareça, não se esconda”), adotado pela Revolta dos Búzios (1798-99), na Bahia, como convite para a participação no movimento, e os abadás brancos e amuletos protetores contendo passagens do Corão que os malês usavam em suas lutas durante a Revolta dos Malês (1835), também na Bahia.
Em seu exercício de condensar uma visão para poder, assim, comunicá-la, esses símbolos transformaram parcialmente outros que os precederam. Os mantos Tupinambá, objetos de uso ritual que, ao serem deslocados à Europa e virarem reféns do processo de colonização, tornaram-se símbolo da resistência desse povo e, por extensão, das populações indígenas do novo país independente, são um exemplo desse processo.