Giseli Vasconcelos e Pedro Victor Brandão atuam como artistas na interseção entre os processos de circulação de informação e modos de construção comunitária e política, relacionando valor com imagem. Dispositivos digitais, tecnologias de processamento de dados, cartografias, fotografia e pintura são alguns dos meios que utilizam para explorar as relações entre arte, sociedade e capital.
A dupla se une para realizar o trabalho Nheenga Cabana (2022), baseado nos arquivos do jornalista e sociólogo paraense Lúcio Flávio Pinto sobre a revolta da Cabanagem, publicados no acervo digital desde 2014. Na obra, estações de leitura apresentam imagens sobre o levante. Essas imagens são geradas por processos de aprendizado de máquina com inteligência artificial a partir de entradas de texto (prompts) do arquivo de Lúcio. Suscitando uma reflexão sobre memória, tecnologia e agência, o trabalho conta também com a distribuição gratuita de uma edição extraordinária do Jornal Pessoal, publicação independente de Lúcio que circulou por mais de trinta anos no Pará.