Gustavo Caboco Wapichana trabalha entre o Paraná e Roraima. Esse deslocamento envolve o artista visual, sua família e relações com o território indígena Canauanim, em um movimento de retorno à terra. Roseane Cadete Wapichana é educadora, pesquisadora e historiadora que atua a partir do lavrado, ecossistema específico de Roraima.
Somos fronteiras vivas (2022) é uma instalação composta por um vídeo, desenhos e pinturas. A obra resulta da pesquisa desenvolvida por Gustavo e Roseane sobre a história do povo Wapichana junto com os alunos da Escola Indígena Tuxaua Luiz Cadete na Terra Indígena Canauanim (RR). Juntos, dedicaram-se a um estudo imersivo sobre a Revolta da Praia de Sangue (1790), levante indígena que aconteceu no território do atual estado de Roraima. Ao refletir sobre o apagamento das memórias da resistência ancestral a partir de um processo de criação coletiva, a obra volta-se para o presente, no “tempo dos netos e netas”, nas palavras dos artistas. Assim, destaca as atualizações da colonialidade que estão em curso e situa os povos originários como estrategistas da vida e do tempo.