Fortaleza, CE, Brasil, 1989
Em Composições para tempos insurgentes, Jonas contribui com a instalação comissionada ÂNSIA: Programa de Estudos em Naturezas Monstruosas, um programa de eventos com o público que provoca discussões sobre as noções de natureza a partir de perspectivas da desobediência de gênero e das corporeidades monstruosas, que só são possíveis de se exercer quando deslocadas do próprio território; de uma terra que sempre precisa ser sonhada coletiva e intimamente.
O Programa é ativado por meio de conversas e exercícios no espaço expositivo, além da Rádio Ânsia: série de podcasts que poderá ser escutada a partir de um QR Code disponível no espaço, com conversas realizadas em 2020, fruto de uma colaboração com a Casa do Povo em São Paulo.
As ativações trazem práticas que possam propor perspectivas anticoloniais na ecologia: interações com bactérias e raízes, ecossistemas radicais, ancestrais não humanos, processos de apodrecimento e corpos em transição. Arruinando a própria linguagem e seus processos de captura, propondo uma narrativa de infinitas variações nas existências e nos gêneros não ocidentais.
Colaborações Programa Público: Walla Capelobo, Linga Acácio, jialu pombo
Colaborações Rádio Ânsia: Bruna Kury, Linga Acácio, Daniel Lie, Preto Téo, bibi Abigail, Campos Leal, Mogli Saura, Gil Porto Pyrata, Monstra Animalista
Jonas Van é artista transnordestino e cozinheiro. A sua prática está inscrita entre a desobediência de gênero, linguagem e naturezas monstruosas, por meio de som-vídeo, instalações efêmeras e texto. Seu trabalho propõe narrativas ficcionais profundamente íntimas, fraturas linguísticas e temporais numa perspectiva anticolonial. Esteve em residência no México, Bolívia, Portugal, Espanha, Brasil e Suíça. Mestrando em artes visuais – CCC (estudos em Crítica, Curadoria e Cibernética) na HEAD, Genebra, Suíça. Vive e trabalha em Genebra.
Sinopses das ativações
# 1 COMPOSTAGENS E TRANSMUTAÇÕES
Com Walla Capelobo e Jonas Van
SÁB 9 OUT 2021 . 15h
A oficina é um convite a pensarmos juntes as memórias acessíveis no processo composteiro e de transições. Trocaremos sobre o fim da razão e individualidade do dito humano, os agentes invisíveis de transformações e construção de coragem coletiva e as transmutações. Roda de conversa em que os conhecimentos encarnados das/dos/des participantes serão estimulados e trocados rumo aos processos de fertilidade e regeneração planetária.
Walla Capelobo é mata escura e lama fértil. Afrotransfeminista e anticolonial. Pesquisadora, artista que cria na espiral do tempo que cruza sua vida. Destaca-se a formação em História da Arte (EBA/UFRJ) e seu mestrado em andamento no PPGCA (IACS/UFF). Contribui em dois grupos de pesquisa, Ynterfluxes (IACS/UFF) e GeruMaa: Filosofia e Estética Africana e Ameríndia (IFCS/UFRJ). Compõe como coordenadora pedagógica da plataforma Desculonizacion: acción y pensamiento (México-Brasil). Colabora também no CIPEI – Círculo Permanente de Estudios Independientes (México-Brasil), plataforma de investigação de contra-pedagogias e contra-visualidades. Propõe, em conjunto com a artista pesquisadora Millena Lízia, o curso Composteiras: Saberes Regenerativos com Beatriz Nascimento, na EAV – Escola de Artes Visuais do Parque Lage.
# 2 TRANS-HUMANIZAÇÃO VIRÓTICA
Com Linga Acácio
SÁB 6 NOV 2021 . 15h
Qual o limite entre a percepção cisgênera e as construções temporais de sexo dissidentes? Quais alianças e contra-condutas são possíveis de ser pensadas a partir da convivência com seres invisíveis como vírus?
A ativação parte de uma escuta ativa aos sintomas e partilhas de tecnologias trans e travestis na lida com o adoecimento e convivência com os vírus e seres invisíveis, discutindo as fricções de um entendimento de humanidade e monstruosidade.
Linga Acácio é artista cearense. Pesquisa, escreve e produz conhecimentos que se atravessam nos campos da performance, interseccionalidade, dissidência de gênero e travestilidade, HIV+, contaminações entre corpo e espaço e estratégias anticoloniais. Desde 2012, atua como diretora de fotografia, com participação em mais de 20 filmes, entre longas e curta metragem.
# 3 árvores moventes – transfigurações e os dribles à ordem binária
Com jialu pombo e Jonas Van
SÁB 29 JAN 2022 . 15h
Responsáveis pela teia de energias que constitui o mundo, as plantas criam diversidade de materialidades e corpos, riscando caminhos impossíveis de serem rastreados e nomeados com precisão. A atividade prevê uma conversa-exercício sobre o que nos faz criaturas múltiplas e híbridas desde uma perspectiva integrativa que se detém na mirada para as entranhas da terra/corpos, e têm como origem ancestral as plantas.
jialu pombo é doutorando em psicologia clínica pela PUC-SP (com graduação e mestrado em artes visuais pela UFRJ), e pesquisa processos clínicos e criação de linguagens como caminhos para descolonizar a vida do binarismo que estrutura o ocidente. Como alguém neurodivergente e dissidente de gênero, participa e realiza atividades que cruzam essas temáticas e a arte.
Textos enviados pelo artista
ÂNSIA: Programa de Estudos em Naturezas Monstruosas (2021)
terra, saliva, cola e carvão e mdf
imagem: Fabio Souza/MAM Rio
ÂNSIA: Programa de Estudos em Naturezas Monstruosas (2021)
terra, saliva, cola e carvão e mdf
imagem: Fabio Souza/MAM Rio
Ativações Programa Público: Walla Capelobo, Linga Acácio, jialu pombo
Desenho de mobiliário: Victor Delaqua
Rádio Ânsia (2020); Bruna Kury, Linga Acácio, Daniel Lie, Valentina D’Avenia, Preto Téo, abigail Campos Leal, Mogli Saura, Gil Porto Pyrata, Monstra Animalista