Verbete – Ritmo e trabalho em Djanira

Importante retratista, Djanira também se dedicou a temáticas associadas aos elementos católicos, festas e paisagens. Em sua produção artística, há um comprometimento com a simplicidade, ou a síntese pela forma, e com essas manifestações do cotidiano. Pode-se afirmar que sua relação com o ambiente rural advém da própria experiência. Nascida em Avaré, São Paulo, foi criada em Porto União, uma pequena cidade de Santa Catarina. Além disso, seus processos de criação estão diretamente ligados às viagens realizadas pelo território brasileiro, especialmente durante os anos 1950. 

As obras Cafezal (1952) e Fazenda de chá no Itacolomi (1958) fazem parte desse período. As obras retratam, respectivamente, uma colheita de café e uma de chá no interior de Minas Gerais. A repetição de elementos geométricos na tela, seguindo uma estrutura cartesiana, remete à repetição da função do trabalhador, evidenciando os processos de grande escala nos plantios de monocultura. Em um momento de forte modernização do país, a artista se volta para os modos de produção pré-industriais. Nas duas pinturas, testemunhamos um fator crucial aos motivos de Djanira: o abstracionismo geométrico é, também, um dado de análise social em sua obra. 

Mesmo que, em vida, tenha realizado diversas exposições, nos últimos anos, sua trajetória foi distanciada da história hegemônica da arte brasileira. Com mãe austríaca e pai de origem indígena, Djanira era uma mulher racializada que não se inscrevia nem figurava dentro da elite artística. Invariavelmente, a artista se estabelece como uma personalidade central para pensarmos o modernismo brasileiro e suas implicações com os sistemas de arte, raça, gênero e classe. 





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