Verbete – Maria Martins entremundos

Entre as linguagens que a escultora Maria Martins utilizou ao longo de sua trajetória, destacam-se a litografia, a gravura e as esculturas em bronze. A artista viveu uma vida de itinerâncias como embaixatriz e esposa do diplomata Carlos Martins, casamento que adiaria o início de sua carreira. Com trabalhos associados a um caráter fantástico, Maria Martins cultivou em sua produção artística o forte interesse pelas narrativas cosmológicas dos povos indígenas amazônicos e afro-brasileiros.

Munida de um desejo pela representação escultórica do que se compreendia como brasilidade, Maria Martins realizou estudos voltados para as “poéticas da Amazônia”. Essas perspectivas contribuíram para a série de esculturas Amazônia, que apresentou em exposição em Nova York, em 1943, e para a publicação Amazonia by Maria, imagens da série acompanhadas de breves textos sobre personagens sacras que permearam suas esculturas: Aiokâ, Boyna, Cobra Grande, Iacy, Yemanjá, entre outras figuras.

A obra O impossível (1945) traz dois corpos que parecem se repelir ou desejar sugar um ao outro. A abordagem onírica, fantasmagórica e erótica induziu a associações diretas ao surrealismo e ao inconsciente na década de 1940, relações que a artista recusava. As formas antropomórficas nos convidam para a iminência de um possível ato violento – o devorar do corpo. Em Nakoada: estratégias para a arte moderna, a imagem da sucção nos leva de volta para a cobra grande e às relações entre o modernismo e a arte contemporânea.





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