Terra em tempos: fotografias do Brasil

A mão do invisível

O conceito de Patrimônio Cultural Imaterial faz referência às expressões que celebram a memória por meio de linguagens como a dança e a música, reconhecendo o direito à presença e à tradição naquilo que não é só objeto. Entre elas, encontramos práticas que frequentemente se conectam com o âmbito espiritual e o mistério. “Em tudo toca a mão do invisível”, diz o músico Mateus Aleluia. 

Em 1983, ano em que acontecia a 2ª Conferência Mundial da Tradição dos Orixás e Cultura, em Salvador, um grupo de Iyás e Babalorixás assinava dois manifestos históricos, reivindicando ao Candomblé o estatuto de religião. Esses dois eventos sinalizam a luta contra as perseguições às religiões de matriz africana e reafirmam a religiosidade enquanto prática cultural.

As formas que o mistério opera são muitas e mobilizam toda ordem de espiritualidade, que toma forma nos cultos aos orixás, nas escrituras dos evangelhos ou nos ritos e celebrações. O mistério se manifesta no ressoar dos tambores durante o Reinado de Nossa Senhora do Rosário em Pirenópolis, Goiás. Está presente quando as baianas despejam água de cheiro nos degraus da igreja, na Lavagem do Bonfim, em Salvador. Aparece no culto do povo Yanomami aos espíritos, os xapiri, e no respeito à urihi, a terra-floresta. Também, quando o silêncio mobiliza a atenção, alimentado pelo desejo de se comunicar com ele por meio de encantarias, milagres e mirações.



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