Identidade em construção
O poder documental da fotografia e sua habilidade de construção da memória nos convidam a indagar os desequilíbrios implicados no pacto entre o fotografado e a pessoa que fotografa, a questionar quem dispara a câmera, quem aparece na imagem, e a maneira como cada clique é feito.
O fotógrafo carioca Walter Firmo, reconhecido como o “mestre da cor”, é um exemplo de artista que assume a dignidade como premissa: a foto não cumpre a função de ser apenas uma ferramenta de captura, e passa a oferecer uma poética de pertencimento que faz as figuras retratadas vibrarem, escapando de estereótipos.
O chão onde pisamos mobiliza composições coletivas, fragmentadas, imperfeitas e cercadas de arestas. Atravessada por interesses políticos e contradições, a identidade é uma construção em disputa, sujeita a sucessivas revisões que impossibilitam uma leitura única.
Para lidar com essa identidade plural e criar retratos de Brasis possíveis, a fabulação por meio de imagens fotográficas aparece como uma estratégia que, ao apostar na imaginação, permite uma maior aproximação dos gestos, da lírica e dos movimentos que habitam o país.