Filiação a FIAF
A relação da Cinemateca com a Federação Internacional de Arquivos de Filmes (FIAF), entidade associativa e de intercâmbio de conhecimentos, acervos e iniciativas no campo da formação, responsável por congregar os arquivos audiovisuais do mundo inteiro e sediada em Bruxelas, é longa e nuançada. Começa em 1953-54 quando Antônio Muniz Vianna e Ruy Pereira da Silva, então desenvolvendo tratativas para a criação de um arquivo de filmes dentro do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, empreendem uma viagem de contatos e estudos a diversas cinematecas e similares no Estados Unidos e na Europa, muitas das quais já integravam a Federação. Pouco depois da inauguração e das primeiras sessões o então Departamento do Filme se torna membro correspondente da FIAF, status alterado para membro observador em 1959. Ao passar em meados dos anos 60 a ser uma referência importante e influente em termos latino-americanos e “terceiro-mundistas”, retira-se formalmente da entidade, antes mesmo de ser aceita concretamente como membro regular. Questiona-se o excessivo etnocentrismo europeu da política e das práticas da entidade. Apesar de frequentar informalmente os congressos e encontros, o retorno oficial, na prática o ingresso de fato na Federação, só se dá em 1979, quando a Cinemateca adquire a condição de membro afiliado, status que manteve até 2004, quando passou a condição de arquivo associado, que se mantém até a atualidade.
Relatório Anual – 2018
A incorporação de material em película seguiu seu ritmo natural de decréscimo, com menos de 200 rolos encaminhados ao arquivo durante o ano, com destaque para a cópia 16mm do filme Fada do Oriente, de Júlio Bressane, em sua versão original, considerada perdida até então. O número de DCPs e outros materiais digitais ao contrário cresceu vertiginosamente, mais do que dobrando o tamanho acumulado que já ultrapassa 200 terabytes. O acervo digital começou a receber sistematicamente títulos com legendagem em outras línguas, e alguns com audiodescrição e linguagem LIBRAS, uma obrigação legal no Brasil, mas que cria problemas técnicos de projeção na sala da Cinemateca, devido à falta de atualização no sistema, um problema que só deve ser sanado no ano de 2019.
- Progresso e problemas no campo da preservação
A central técnica de captura, conversão e armazenamento finalmente ganhou configuração final, estando apta a trabalhar com materiais videomagnéticos analógicos, em formatos que vão do VHS ao DVCam. Um NAS para armazenamento, espelhamento e back-up foi adquirido e implementado, prevendo-se sua associação a uma rede interna para 2019.
- Catalogação, documentação e pesquisa
Um grande número de acervos particulares foi doado, à Cinemateca, com destaque para os documentos do cineasta Cláudio MacDowell. A digitalização das antigas bases de catalogação e consulta das diferentes tipologias documentais do acervo avançaram bastante, prevendo-se sua completa migração para o ambiente digital e sua integração em rede para o ano de 2019. Somente o catálogo de dossiês de personalidades, filmográfico e temático, com suas mais de 50 mil entradas consumiu quase dez anos de trabalho. O atendimento à pesquisa prosseguiu, com a maioria dos pedidos se concentrando em trabalhos de pós-graduação.
- Exibições, exposições e publicação (breve sumário)
Devido às turbulências políticas do país e ao decréscimo de investimentos no setor cultural, o que prejudicou seriamente inúmeras iniciativas no campoda difusão cinematográfica, a Cinemateca procurou abrigar parte desses projetos e ações em sua grade regular de programação, ampliando e apoiando o número de cineclubes e festivais. Desde a abertura do mais importante festival de cinema documentário do pais, o É tudo verdade, até a realização da quarta edição do Dobra – Festival Internacional de Cinema Experimental, a mais bem sucedida e a de maior público até então, cerca de 30 eventos só no campo dos festivais, passaram a integrar o calendário da entidade. Boa parte das iniciativas de 2017 permaneceram em 2018, com ligeiro acréscimo de público, que se distribuiu de forma homogênea entre sessões, cursos, palestras, master classes e festivais, com destaque para o VFX, Festivalde Efeitos Visuais, que se consolidou junto ao público carioca. O acervo de equipamentos tridimensionais da cinemateca ganhou pela primeira vez em décadas o espaço nobre do grande salão de exposições da instituição-mãe, com a apresentação de 400 peças da coleção e um grande afluxo de público até o final o ano, cerca de 20.000 visitantes.
- Questões orçamentárias, relações com autoridades governamentais
As dificuldades políticas do governo federal brasileiro se refletiram na lentidão de implementação de novas propostas de patrocínio e alavancagem da área cultural, assim como na liberação de recursos. Até mesmo o patrocínio previsto da Petrobras, maior empresa estatal brasileira, para a remodelação da sala de exibição da Cinemateca encontrou atrasos e adiamentos, prevendo-se a finalização das melhorias apenas em 2019.
- Relações internacionais (FIAF e outros)
A Cinemateca participou do Congresso da FIAF em Praga e da reunião da CLAIM, na Cidade do México, mantendo contato com inúmeras afiliadas nas duas entidades.
- Eventos especiais, e outras conquistas ou dificuldades ainda não mencionadas (por exemplo: o impactode uma nova legislação;a abertura ou fechamento de uma nova empresa da área; mudanças de pessoal ou estruturais na sua instituição; uma grande polêmica crítica ou acadêmica; e assim por diante)
A instabilidade política prosseguiu por conta da falta de legitimidade do governo que se seguiu ao impeachment da presidente Dilma Roussef, e ao lento mas progressivo desmonte das políticas culturais em geral e ao cinema em particular o que se refletiu em diminuição de eventos, editais e outras ações de promoção da área cinematográfica.
Na instituição-mãe também ocorreram ao final do ano mudanças, extinguindo-se o cargo de presidente e assumindo uma nova diretoria executiva, cujos planos de trabalho serão apresentados ao longo de 2019.