O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) receberá, nos dias 18 e 19 de novembro de 2024, a Cúpula do G20 presidida pelo Brasil, com a presença das lideranças dos 19 países-membros, além da União Africana e da União Europeia, e países convidados. Durante a ocasião, serão aprovados os acordos negociados ao longo deste ano e definidos os caminhos para lidar com desafios globais.
Criado em 1999, o G20 é um fórum que promove debate aberto e construtivo entre países industrializados e emergentes sobre assuntos-chave relacionados à estabilidade da economia global. A realização da 19ª Cúpula estabelece o retorno de grandes eventos ao Rio de Janeiro, que foi palco da Eco-92 em 1992, da Cimeira de América em 1999, da final da Copa do Mundo em 2014, e da Olimpíada de 2016.
Com o objetivo de preparar as instalações para sediar o evento, o museu passa por obras de reforma e restauro realizadas pela Prefeitura do Rio e, desde 26 de maio, mantém a área expositiva fechada ao público.
“O MAM Rio se sente honrado por ter sido convidado pela Prefeitura para sediar o G20. Além de ser uma instituição que reflete a alma e história da cultura brasileira, o museu é uma casa natural para grandes eventos, como já demonstrou ao longo de sua história. Sediar o G20 é prova da relevância das instituições culturais, e sua responsabilidade para a construção de pensamento e propostas relativas aos assuntos mais urgentes que afetam a humanidade,” afirma Paulo Vieira, diretor executivo do MAM Rio.
“A escolha do MAM Rio como sede da Cúpula do G20 traz a oportunidade de alavancar o museu na posição de referência cultural nacional e internacional, além de permitir, com o apoio da Prefeitura do Rio de Janeiro, realizar benfeitorias e obras adaptativas e interventivas no edifício e no seu entorno”, avalia Pedro Rodrigues, diretor de Planejamento Estratégico da instituição.
A revisão geral dos sistemas elétrico, hidráulico e dos elevadores faz parte do projeto de reforma, que inclui também tratamento e limpeza das fachadas. Estão em andamento trabalhos de impermeabilização e recuperação das áreas de jardim, idealizadas por Burle Marx. As obras contemplam também o Bloco Escola, dedicado à educação desde sua construção. Tanto na rampa quanto no terraço, haverá impermeabilização e regularização de piso, jardineiras e muretas. Esquadrias serão limpas e recebem aplicação de película de segurança e controle solar.
As obras no entorno, no Parque do Flamengo, incluem o restauro das pedras portuguesas e calçadas, e a instalação de nova sinalização e monitoramento por câmeras conectadas ao Centro de Operações. Também estão previstas a inspeção de 17 mil árvores no parque, bem como a limpeza dos lagos e recuperação dos bancos nas áreas de convivência, entre outras melhorias. O chafariz receberá novas tubulações e ganha novo revestimento cerâmico.
Esse é o primeiro grande projeto de reforma na região, nos últimos 25 anos. Inaugurado em 1958, o edifício projetado por Affonso Eduardo Reidy é um marco da arquitetura moderna mundial. O conjunto foi tombado pelo Iphan em 1965 e pela Unesco em 2012.
O MAM RIO COMO PALCO DE RELEVÂNCIA INTERNACIONAL
Desde a sua fundação, o MAM Rio tem abrigado importantes eventos de discussão nas áreas da política, economia, educação, artes e cultura. Entre eles:
III Seminário sobre a função educativa dos museus (1958)
Ocorreu em setembro, promovido pela UNESCO, e foi um dos primeiros eventos após a inauguração do Bloco Escola na sede definitiva do museu. O diretor do seminário foi Georges Henri Rivière, diretor do International Council of Museums (ICOM) e diretor do Musée National des Arts et Traditions Populaires. “O privilégio de nos reunirmos em um ambiente como esse foi um tremendo estímulo para uma reunião como a nossa”, disse Rivière à ocasião.
Congresso Internacional Extraordinário dos Críticos de Arte (1959)
Ocorreu de 17 a 25 de setembro de 1959 e encerrou com a presença do presidente Juscelino Kubitschek, que fazia parte do Conselho do museu. O Congresso reuniu alguns dos principais nomes do segmento, que debateram problemas ligados às novas cidades.
22ª Reunião Anual do FMI (1967)
Com as obras do Bloco de Exposições ainda em curso, o Fundo Monetário Internacional repassou ao museu a quantia de um bilhão de cruzeiros como financiamento, para que o espaço fosse concluído e pudesse receber a 22a Reunião Anual do FMI, em setembro de 1967. Participaram do encontro 160 congressistas e mais de 2 mil assessores. Em 1966/67, o Brasil saía de um ajuste fiscal promovido pela dupla Campos-Bulhões. A partir da reunião do FMI no MAM Rio, as portas do sistema financeiro internacional foram reabertas ao Brasil, na mesma época em que florescia o mercado do eurodólar.
Eco Art 92 (1992)
A mostra Eco Art 92 foi realizada no MAM Rio por ocasião da II Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, sediada na cidade. À época, aconteceu uma grande obra de recuperação do prédio, com a inauguração da Sala Lygia Clark, que permaneceu aberta até fevereiro de 2002.
Cimeira da América (1999)
Conhecida como Rio 99, a Cimeira reuniu entre 27 a 29 de junho chefes de estado e de governo da América Latina, Caribe e Europa. Foram ao todo 48 países, representados, quase em sua totalidade, por seus dirigentes máximos, sendo 33 das Américas e os 15 membros da UE (União Europeia). O evento representou mais de um quarto das nações do mundo e, em termos econômicos, mais de um terço do PIB global.
Cult 99 – 2ª Conferência Nacional de Cultura (1999)
Aconteceu de 4 a 22 de setembro de 1999, com o objetivo de apresentar propostas de ações públicas e privadas para a juventude.
Conferência anual do CIMAM (2013)
A Conferência Anual do CIMAM (Comitê Internacional de Museus e Coleções de Arte Moderna) tornou-se um dos fóruns mais importantes para a comunicação, cooperação e troca de informações entre museus, profissionais de artes visuais, acadêmicos e artistas. O título e tema daquela edição foi: “Novas Dinâmicas em Museus: Curadoria, Obra de Arte, Público, Governança”.