Uma cápsula do tempo no MAM

O presidente da República, João Fernandes Campos Café Filho, e o ministro Candido Motta Filho depositam a cápsula do tempo no terreno, ao lado do mestre de obras, Sr. Magalhães. Foto de autor não identificado. Acervo MAM

Caixa de concreto onde foi depositada a cápsula do tempo sendo cimentada. Foto de autor não identificado. Acervo MAM

Em 9 de dezembro de 1954, uma quinta-feira, uma cápsula do tempo foi enterrada no terreno do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. A cerimônia teve pompa e circunstância. Era dia de celebrar o início das obras de construção da sede definitiva do museu, em área cedida pela Prefeitura no então chamado aterro de Santa Luzia, no centro do Rio.

Cápsula do tempo é uma coleção de bens ou informações composta especificamente para ser aberta por pessoas no futuro. O termo foi cunhado nos anos 1930, embora a prática de preservar relíquias seja bem mais antiga. No século 20, cápsulas do tempo foram enterradas para celebrar feiras mundiais, a colocação da pedra fundamental de novas construções ou em outras cerimônias. Cápsulas do tempo também ganharam o espaço sideral, na esperança de que um dia sejam encontradas por viajantes espaciais. 

Na época em que a cápsula do tempo do MAM foi enterrada, havia um pequeno escritório da construção no cruzamento das Avenidas Beira-Mar e Presidente Antônio Carlos. Organizado pessoalmente pela artista Ligia Clark (1920-1988). No escritório estavam a maquete e as plantas da futura sede do MAM, um projeto do arquiteto Affonso Eduardo Reidy (1909-1964). 

A tarefa de colocar a cápsula do tempo numa caixa de concreto foi do presidente da República, João Fernandes Campos Café Filho, e do ministro Candido Motta Filho. O  mestre de obras Magalhães estava junto para cimentá-la, na cerimônia repleta de convidados ilustres.  Vieram muitos artistas, jornalistas, amigos, associados, políticos e até o bispo auxiliar do Rio de Janeiro, Dom Helder Câmara.

Pelas fotografias da cerimônia, sabemos que a cápsula do tempo do MAM tem o tamanho de um pequeno cofre. Há registro de que conteria jornais do dia, revistas e moedas, entre outras coisas escolhidas como forma de comunicação com pessoas do futuro. Entretanto, não há registro sobre a localização exata em que foi enterrada. Alguns suspeitam de que tenha sido bem debaixo do Bloco Escola, já que foi por ele que a construção do edifício começou. Mas segundo especialistas em cápsulas do tempo, não registrar a localização pode ser uma maneira de evitar vandalismos no presente.

Um dia, um arqueólogo, antropólogo, historiador do futuro ou viajante do espaço há de descobri-la.



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