Metaesquema (1958), de Hélio Oiticica, guache sobre cartão, 68 x 50 cm, Coleção Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, doação Fininvest. Foto Vicente de Mello.
Metaesquema (1957), de Hélio Oiticica, guache sobre cartão, 45,5 x 54 cm Coleção César e Claudio Oiticica. Foto Jaime Acioli
A série Metaesquemas revela o espírito das investigações abstrato-concretas realizadas por Hélio Oiticica durante sua participação em 1955 e 1956 no Grupo Frente, fundado no Rio de Janeiro por Ivan Serpa com Aluísio Carvão e Lygia Pape, entre outros. Oiticica havia iniciado seus estudos de arte no Curso Livre de Pintura de Serpa, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1954. Em 1956, quando acabara de completar 20 anos, começou a produzir seus Metaesquemas. Composta por mais de 400 trabalhos, a série consiste em exercícios metódicos, em pequeno formato, em sua maioria em guache sobre cartão, privilegiando experimentações com cores (preto, vermelho, amarelo, azul e verde), formas abstratas geométricas e espaço.
Os Metaesquemas de 1956 a 1957 apresentam formas como trapézios, losangos, retângulos, quadrados. As figuras parecem passear pelo papel, em alguns casos de forma ordenada pelo movimento de rotação ou explosão. Em outros casos, as formas tomam direções independentes das demais na composição, apontando para lados distintos, reforçando uma sensação de ruptura do plano da imagem.
Nos últimos trabalhos da série, feitos em 1957 e 1958, o artista explora, sobretudo, o retângulo e o trapézio, tanto em configurações chapadas de cor quanto em formas compostas por grossas linhas coloridas. O formato original desses elementos geométricos é esgarçado, dando maleabilidade às figuras, o que agrega mais movimento às composições. No entanto, o aspecto extraordinário e de fato dançante dessas formas se dá quando elas roçam umas nas outras, tocando-se levemente, e quando são dispostas de forma assimétrica, criando vibrações e ritmos, encontros e desencontros.
Em texto de 1972, Oiticica escreveria que os Metaesquemas teriam sido uma “obsessiva dissecação do espaço” e um “espaço sem tempo: frestas no plano mudo”.
Lá e cá 10 (1958), de Hélio Oiticica, guache sobre cartão, 46 x 57 cm, da Coleção Gilberto Chateaubriand MAM Rio. Foto Vicente de Mello
Piercing (1958), de Hélio Oiticica, guache sobre cartão, 51 x 57,8 cm, da Coleção Gilberto Chateaubriand MAM Rio. Foto Vicente de Mello
Sêco 03 (1956), de Hélio Oiticica, guache sobre cartão, Coleção Ricardo Rêgo
Conheça outras séries do artista
Relevos espaciais, 1959-1960
Núcleos, 1960-1966
Bólides, 1963-1979
Parangolés, 1964-1979
Cosmococa, 1973-1974
Penetráveis, 1961-1980
Links relacionados
Sobre a exposição Hélio Oiticica: a dança na minha experiência
Sobre a exposição COSMOCOCA – programa in progress: núcleo poético dos Quasi-Cinema
Uma biografia de Hélio Oiticica