Lugar de estar

lugar de estar
exposição

27 JAN – 26 MAI 2024
Curadoria: Beatriz Lemos, Isabela Ono e Pablo Lafuente
Organização: Instituto Burle Marx e MAM Rio

A exposição Lugar de estar: o legado Burle Marx propõe novas leituras sobre o acervo documental do trabalho de Roberto Burle Marx (1909-1994) e de seus colaboradores, no escritório onde foram concebidos mais de 2 mil projetos paisagísticos entre os anos 1930 e 1990.

Paisagista, artista multifacetado, expoente do modernismo brasileiro, Roberto Burle Marx foi autor do projeto dos jardins do MAM Rio e de diversas outras propostas que fazem parte do cotidiano dos territórios onde eles estão localizados. Para ampliar o diálogo sobre o acervo, composto por cerca de 150 mil itens, a equipe curatorial, composta por Beatriz Lemos, curadora-chefe do MAM Rio, Isabela Ono, diretora-executiva do Instituto Burle Marx, e Pablo Lafuente, diretor artístico do museu, partiu dos temas que surgem de 22 projetos do paisagista e sua equipe. 

Em mil metros quadrados de área expositiva, a narrativa de “Lugar de estar” se constrói a partir de projetos urbanísticos, estudos, croquis, desenhos, fotografias e trechos de jornal somados às obras de artistas instigados a reverberar o legado Burle Marx por meio de obras existentes ou produzidas especialmente para a mostra: João Modé, Luiz Zerbini, Maria Laet, Mario Lopes, Rosana Paulino e Yacunã Tuxá

Todas as obras e projetos de Roberto Burle Marx e seu escritório presentes na exposição pertencem ao acervo do Instituto Burle Marx.

Ficha técnica

OBRAS E ARTISTAS

Land [Terra], João Modé,

A instalação Land, de João Modé, é uma obra criada com seres vivos deslocados de seus ambientes para o interior do museu, que toma uma forma específica a partir da relação com o espaço que ocupa. Uma mistura de plantas de diversas origens configuram uma floresta inventada, onde cactos, arbustos, trepadeiras e gramíneas se entrelaçam. 

Em seu trabalho, Modé lida com a organicidade do tempo próprio das matérias que escolhe (plantas, insetos, terra, incensos, água, pedras). As raízes crescem e se emaranham, e a instalação passa a incorporar a transformação de sua forma.

monotipias | foto Fabio Souza

Série de monotipias, Luiz Zerbini

Na série de monotipias apresentadas na exposição, ele cria uma relação de colaboração e coautoria com plantas, que imprimem seu corpo em uma superfície também de origem vegetal: o papel.

O trabalho acontece por meio da escolha das plantas, das cores das tintas e das composições de folhas, galhos e flores de diferentes texturas e tamanhos. Para essa série todas as plantas foram obtidas nos jardins do Sítio Burle Marx e impressas em parceria com João Sánchez, do Estúdio Baren.

Terra, Infinita medida e Limite mole, Maria Laet

A ação Terra (Jardim Burle Marx, MAM Rio) integra uma série fotográfica iniciada em 2008.

Em Infinita medida, linhas desenhadas entre as pedras demarcam seus espaços enquanto definem uma presença multiplicadora.

No vídeo Limite moleduas pessoas se fazem presentes por seus pares de mãos, manipulando pedras, criando formas distintas e expondo um limite paradoxal, cujo contorno é delineado por um elástico. 

ESPUMAS _ algoritmos coreográficos em 7 algoritmos (Tempo – infinito – ciclos), Mario Lopes

Para os filmes de ESPUMAS _ algoritmos coreográficos em 7 algoritmos (Tempo – infinito – ciclos), realizados para a exposição, Lopes convidou artistas de diferentes origens para performar em sete locais projetados por Burle Marx no Rio de Janeiro (RJ), com gestos criados a partir de duas qualidades de movimento que ele chama de conflitos de códigos e salivar de corpos. Entre provocações conceituais e a materialidade, a espuma interage com os corpos em cena e prepara o caminho para a transformação.

Série Pata de Vaca | foto Fabio Souza

séries JatobáSenhora das plantas/Espada de Iansã, Pata de vaca e Búfala, Rosana Paulino

Nas aquarelas das séries, a artista cria imagens que representam a integração entre o corpo da mulher negra e a natureza. O jatobá é uma espécie ameaçada de extinção, mas nas obras de Paulino floresce e se fortalece ao tomar a forma humana, que, em reciprocidade, recebe o vigor do vegetal. Essa troca também se expressa entre a mulher e a espada-de-iansã, planta que carrega o nome de uma das divindades do panteão iorubá. Iansã também está relacionada ao búfalo, que aqui se mostra como um ser híbrido, irreverente e livre.

Plantei meu coração na mata branca, Yacunã Tuxá

A obra Plantei meu coração na mata branca é um diálogo entre a artista e o projeto de Burle Marx para a Praça Euclides da Cunha, em Recife (PE), no qual o paisagista usa espécies típicas do bioma da Caatinga – palavra que significa mata branca. Sendo esse o bioma em que está compreendido o território dos Tuxá, a artista expressa na obra, que integra pintura e escultura em barro, as conexões espiritual e material entre o povo, a terra e sua vegetação. Para isso, articula elementos do cotidiano da aldeia e estratégias de manutenção do sagrado.

Leia o artigo de Gustavo Martins de Almeida: Escultor do tempo.

Gustavo Martins de Almeida é carioca, advogado e professor. Pós-doutorando em Direito pela USP. Membro da Comissão de Direito Autoral da OAB. Atua na área cível e de direito autoral e digital.



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