Dentre suas principais ocupações, Flávio de Carvalho foi artista, arquiteto e engenheiro civil, tendo estudado em instituições na França e na Inglaterra. No campo das artes, sua produção esteve relacionada à pintura, ao desenho e à performance. Suas pinturas a óleo são marcadas pelo rompimento com os cânones tradicionais em relação à representação do corpo e dos códigos sociais a partir dos usos das cores e formas. Com essas escolhas, Flávio de Carvalho coloca em prática novas maneiras de lidar com questões como a anatomia, sombra e luz, aspectos importantes para a produção imagética modernista. Destaca-se, também, seu trabalho de ilustração na capa do livro Cobra Norato, de Raul Bopp, publicação chave na literatura modernista.
A obra Retrato de Murilo Mendes (1951) traz a figura de um dos grandes atuantes da literatura modernista, autor de livros como História do Brasil, de 1932. O poeta, que escreveu versos como “O homem pode: / Soltar a vida. Fuzilar a Bomba. Reinventar a ode”, também foi retratado pelos modernistas Guignard, Ismael Nery e Portinari. Jorge Amado, Ascenso Ferreira e Vinícius de Moraes também foram retratados por Flávio de Carvalho.
A obra nos transporta para os diálogos entre a poesia e a pintura. A interlocução entre música, teatro, dança, arquitetura e literatura, linguagens presentes na Semana de Arte de 1922, é uma das principais características da produção artística da época.