Terra em tempos: fotografias do Brasil

A máquina que captura

Desde seus primórdios, com o curta-metragem A saída dos operários da Fábrica Lumière (1895), o cinema se associa ao trabalho. Já a fotografia precisou diminuir sua aparelhagem técnica para oferecer uma imagem que, para além do retrato, conseguisse dar conta da cotidianidade capturada pelos irmãos Lumière. Graças a essa aproximação, a fotografia acompanhou o desenvolvimento de outras máquinas da Revolução Industrial e os corpos dos operários que as faziam funcionar. 

O direito ao trabalho nasceu em um contexto global como resposta à Revolução Industrial e às mudanças nos meios de produção. No Brasil, a construção imagética do trabalho responde também a outro processo: a negociação da abolição da escravidão, que se formaliza com a Lei Áurea (1888). As décadas que se seguiram foram protagonizadas por leis isoladas que só ganhariam consistência com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) no Governo Vargas, em 1943. 

A relação inseparável entre trabalho e dignidade, parte do discurso de Vargas, continua na Constituição de 1988, que atrela a dignidade da pessoa ao valor social do trabalho – entendido como emprego. Em um país em que a informalidade caracteriza a prática de até 60% da população economicamente ativa, esse entendimento aponta para áreas de incertezas que a fotografia frequentemente nos apresenta.



Acessibilidade | Fale conosco | Imprensa | Mapa do Site