Dossiê Carlos Reichenbach

Parte 1 – Os Filmes

O cinema não são só os filmes. E gostar de cinema não é só ver os filmes. Há todo um contexto envolvido na produção, no ato criativo, nas ideias, na recepção e na circulação do filme que permitem compreender muitas coisas sobre as carreiras dos cineastas e sobre algumas características de filmes específicos. Esse contexto não se descortina necessariamente com facilidade: é preciso buscá-lo. Para isso, nada melhor do que a documentação coligida: registros de produção, imagens da filmagem, entrevistas, reportagens, críticas ajudam a melhor compreender detalhes artísticos que podem perder relevo com o tempo, e o modo como os filmes são recebidos no momento em que vêm a público.

No caso de Carlos Reichenbach, cineasta de trajetória tão incomum, os documentos permitem acompanhar as variações na carreira. Celebrado e legitimado no final da carreira (ainda que relativamente pouco visto), ele demorou a ser aceito pela oficialidade do cinema brasileiro, e no período em que foi mais visto (os anos 80, com os soft porns subversivos feitos na Boca do Lixo), menos foi debatido. Foi necessário tempo – e o trabalho de alguns pioneiros que conseguiram ver o cinema de Carlão com olhos livres – para que seu cinema fosse reconhecido por sua singularidade, seu pendor sincero pelo melodrama vivido em meio a citações político-filosóficas provocativas, sua virada de jogo dentro da indústria do “filme sensual” provocando reflexões sobre neuroses e papéis sexuais masculinos e femininos, seu amor pelos personagens e valores da classe trabalhadora e (dialeticamente) da classe média arrivista.

Em paralelo a isso, os documentos revelam – ou relembram, para quem já é familiarizado – a intensa e exigente cinefilia de Reichenbach, frequentemente referenciando seus preferidos de sempre (Valerio Zurlini, Jean-Luc Godard, o Fritz Lang americano, os japoneses Imamura, Masumura, Sugawa) e mostrando onde a influência dessa aprendizagem se transfigura em sua própria sensibilidade. Cineasta, cinéfilo, professor de olhar, Carlão deixa saudades. Mas os filmes, os documentos, as sintonias, o fazem reviver a cada encontro. (Ruy Gardnier)

Lilian M., a trágica procura da liberdade (entrevista à Folha de S. Paulo, 26 de julho de 1975)

Sede de Amar (folheto de imprensa)

Anarquia poética contra o cinemão (entrevista por Jairo Ferreira sobre A Ilha dos Prazeres Proibidos, Folha de S. Paulo, 12 de janeiro de 1979)

Por que fiz este filme (sobre O Império do Desejo), por Carlos Reichenbach

Amor, Palavra Prostituta (folheto de imprensa)

A força do cinema independente (sobre Extremos do Prazer), por Amylton de Almeida

O brasileiro desce ao inferno (sobre Filme Demência), artigo por Amylton de Almeida e entrevista com Carlos Reichenbach

O outro Reichenbach (sobre Filme Demência), por Louis Skorecki (Libération)

Anjos do Arrabalde: anúncio de jornal e estudo para material gráfico

Carlos Reichenbach defende o cinema confessional (sobre Alma Corsária), entrevista com Carlos Reichenbach por Cláudia Mesquita (Hoje em Dia, 22 de julho de 1994) 

Alma Corsária: depoimento do realizador (do kit de imprensa francês)

Música, poesia, sentimento (sobre Dois Córregos), entrevista com Carlos Reichenbach por Myrna Silveira Brandão (Tribuna da Imprensa, setembro de 1999)

Garotas do ABC’ ou ‘Os anjos de Carlão’, por Eduardo Simões (O Globo, 28 de agosto de 2004)

Garotas do ABC: fotos de filmagem

Os secretos poderes do poder (sobre Bens Confiscados), por Carlos Heli de Almeida (Jornal do Brasil, 9 de dezembro de 2005)

Bens Confiscados: fotos de filmagem

Papo de ‘marginal’ (a propósito de Falsa Loura e Serras da Desordem; Carlos Reichenbach entrevista Andrea Tonacci e vice-versa), por Carlos Heli de Almeida (Jornal do Brasil, 19 de abril de 2008)

Lucineide Falsa Loura: páginas do prospecto de oferta pública de certificados de investimento audiovisual

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