10 de julho de 2020

História

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio), criado em 1948, é dedicado à vanguarda e ao experimentalismo. O MAM Rio abrigou parte considerável dos movimentos artísticos brasileiros, como o Grupo Frente (1954), o Neoconcretismo (1959), a Nova Objetividade Brasileira (1967), o Cinema Novo (anos 1960), o Cinema Marginal (anos 1970), o curta-metragismo e o documentarismo independentes (anos 1970-1980) e o Cinema Experimental Contemporâneo (anos 2000).

O Ateliê de Gravura (a partir de 1959), as exposições históricas “Opinião 65″ e ” Opinião 66″, os cursos na área externa em fins de semana abertos ao público como os Domingos da Criação (1971) e a Área Experimental (1975-1978) no espaço expositivo interno são marcos da história da arte brasileira.

O acervo do museu é composto por mais de 7 mil  obras de arte modernas e contemporâneas nacionais e internacionais. Outras cerca de 6.600 obras da Coleção Gilberto Chateaubriand e mais de 1.800 fotografias da Coleção Joaquim Paiva estão em comodato no museu. Entre os artistas estrangeiros, o acervo conta com obras de Constantin Brancusi, Keith Haring, Alberto Giacometti, Auguste Rodin, Marino Marini, Maria Helena Vieira da Silva, Jean Arp, Alexander Calder, Carlos Cruz-Diez, Anselm Adams, Diane Arbus, A. R. Penck,Gerhard Richter, Josef Albers, Victor Vasarely, César e Andy Warhol, entre muitos outros. Entre os brasileiros estão Anita Malfatti, Cícero Dias, Maria Martins, Candido Portinari, Ivan Serpa, Bruno Giorgi, Amilcar de Castro, Franz Weissmann, Helio Oiticica, Lygia Clark, Antonio Dias, Hercules Barsotti, Willys de Castro, Anna Bella Geiger, Rubens Gerchman, Artur Barrio, Cildo Meireles, Waltercio Caldas, Antonio Manuel, Nelson Leirner, Regina Silveira, Tunga, Carlos Vergara, Marcia X, Beatriz Milhazes e Adriana Varejão.

O edifício onde o MAM Rio funciona desde 1958 foi projetado pelo arquiteto Affonso Eduardo Reidy e é reconhecido como um marco da arquitetura moderna mundial. Os jardins do MAM Rio são de Roberto Burle Marx, que também integrou a equipe que realizou alguns anos depois o paisagismo do Parque Flamengo, contíguo ao museu.

Com uma localização privilegiada à beira da baía de Guanabara, o MAM Rio é vizinho do aeroporto Santos Dumont e do Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial. Fica a poucos minutos de caminhada do centro histórico da cidade. Do museu se avistam o Pão de Açúcar, a igreja histórica do Outeiro da Glória, o Corcovado e a própria baía.


Cronologia

1948

É assinada a ata inaugural do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, tendo como Presidente Raymundo de Castro Maya. O pós-guerra favorece a aquisição de obras de artistas europeus para o Museu, tais como Pablo Picasso, Ben Nicholson, Wassily Kandinsky e Paul Klee.


1949

A exposição inaugural, Pintura Européia Contemporânea, abre na sede do Banco Boavista, onde o Museu de Arte Moderna se instala provisoriamente.


1951

Realizada a I Bienal Internacional de São Paulo, na qual Max Bill ganha o Prêmio Internacional de Escultura, com a obra Unidade Tripartida.


1952

O Museu é instalado no Palácio Gustavo Capanema, então sede do Ministério de Educação e Saúde. Em dezembro, a Câmara dos Vereadores aprova proposta de doação de terreno de 40 mil metros quadrados para a instituição.


1953

Realizada no Quitandinha, Petrópolis (RJ), a I Exposição Nacional de Arte Abstrata, da qual participaram alguns artistas que, posteriormente, viriam a integrar o Grupo Frente, entre eles Ivan Serpa, Abraham Palatnik, Décio Vieira, Lygia Clark, Lygia Pape e Aluísio Carvão. No Museu de Arte Moderna, é realizada a exposição do Grupo de artistas modernos argentinos, formado por Tomás Maldonado, Enio Iommi, Alfredo Hlito e Miguel Ocampo, entre outros.

O Museu de Arte Moderna nasce oficialmente como sociedade civil. Affonso Eduardo Reidy projeta o prédio do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

1954
No canteiro de obras da sede definitiva, surge uma grande placa com a assinatura visual do MAM, já bastante semelhante àquela que ficou consagrada e é usada até hoje.

Trator prepara o terreno para a construção da sede do MAM
Foto de autor não identificado, 1954


1955

Em julho é fundada a Cinemateca do Museu de Arte Moderna, com sessões no auditório da ABI (Associação Brasileira de Imprensa).


1958

Conclui-se a construção do Bloco Escola, que passa a ser a sede do Museu de Arte Moderna, tendo como mostras inaugurais a Coleção Permanente e Ben Nicholson e Escultores Britânicos.

Segundo pavimento do Bloco Escola.

1959

As mostras de Alexander Calder, Georges Mathieu e I Exposição Neoconcreta, e os cursos de Ivan Serpa e John Friedlander transformam o Museu de Arte Moderna em foco de transformação artística e no berço do neoconcretismo.

1960

Brasília é inaugurada, recebendo posteriormente o título de capital federal que pertencia ao Estado da Guanabara, atual Estado do Rio de Janeiro.


1964

Morre Affonso Eduardo Reidy, sem ver concluído seu projeto para o Museu.


1965

Mostras como Opinião 65 consolidam o Museu de Arte Moderna como pólo de vanguarda brasileira.

Em julho, o Parque do Flamengo é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), incluindo o Museu de Arte Moderna, por estar nele instalado.


1967

Inaugurada no Museu de Arte Moderna a exposição Nova Objetividade Brasileira, na qual artistas da vanguarda nacional confrontaram o mercado de arte. Nessa mesma mostra, Hélio Oiticica exibiu o penetrável Tropicália.

Concluído o Bloco de Exposições. A mostra inaugural é uma retrospectiva de Lasar Segall.


1968

A tensão entre o governo e o movimento estudantil ganhou nova dimensão quando o estudante secundarista Edson Luís foi morto. É realizada Passeata dos Cem Mil no Rio de Janeiro, contra a violência praticada pela polícia, atingindo estudantes e populares. Em 13 de dezembro, é promulgado o Ato Institucional nº 5, que reforçou os poderes discricionários do regime militar.


1969

Realizado o Salão da Bússola no Museu de Arte Moderna. O artista Artur Barrio exibe sua primeira Trouxa neste salão.

Cartaz Salão da Bússola. Acervo Pesquisa e Documentação MAM Rio.

1971

Em plena ditadura, os Domingos da Criação fazem do imenso vão livre do Museu de Arte Moderna e seus jardins um espaço democrático que reúne público e artistas em um grande happening.

Inaugurada a Bolsa de Arte do Rio de Janeiro.


1978

Um incêndio destrói, em 8 de julho, grande parte da coleção do Museu e todo o acervo bibliográfico, provocando também graves danos ao Bloco de Exposições. Nenhuma das telas da mostra Arte Agora III – América Latina: Geometria sensível escapou ao fogo.

Em 30 de outubro, o Museu encerrou sua última exposição para focar na sua reconstrução.


1979

Em dezembro, o Museu voltou a expor, utilizando ainda parcialmente seu espaço.


1984

Aprovada na Câmara dos Deputados, em Brasília, a emenda constitucional restabelecendo as eleições diretas para presidente da República, pondo um fim à ditadura militar.

É realizada a exposição Como vai você, geração 80? na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. A mostra reuniu 123 artistas, entre os quais estavam Alexandre Dacosta, Cristina Canale, Eduardo Kac, Gervane de Paula, Luiz Zerbini e Sergio Romagnolo. Hoje a chamada “Geração 80”, em sua maioria, está representada no acervo do Museu de Arte Moderna.


1986

Realizada no Museu de Arte Moderna a exposição Transvanguarda e culturas nacionais. Participam da mostra os artistas Ivens Machado, Leonilson, Tunga e Victor Arruda entre outros.


1989

Depois de 20 anos de ditadura, o Brasil elege novamente um presidente da República por voto direto.


1990

Criado o Galpão das Artes, no local previsto por Affonso Eduardo Reidy para ser o Teatro do Museu e onde, até então, funcionara o Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC).


1991

Realizada no Museu de Arte Moderna a exposição Experiência Neoconcreta.


1992

Realizada no Museu de Arte Moderna a exposição Eco Art 92, por ocasião da II Conferência Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, sediada no Rio de Janeiro.


1993

Gilberto Chateaubriand, um dos maiores colecionadores de arte moderna e contemporânea do País, deposita em regime de comodato sua coleção de cerca de 4.000 obras no Museu de Arte Moderna.

Gilberto Chateaubriand diante de parte de sua coleção, no salão Monumental. Foto Vicente de Mello.


1996

Inaugurado o Museu de Arte Contemporânea de Niterói, projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer.


1998

O Museu de Arte Moderna completa 50 anos. Inauguração da nova reserva técnica, dedicada a Regina Weinberg e José Mindlin.


1999

É realizada uma grande obra de recuperação do prédio. O Museu de Arte Moderna sedia a Cimeira, reunião de chefes de Estado da América Latina, Caribe, União Européia.

Inauguração da Sala Lygia Clark, que permanecerá aberta até fevereiro de 2002.

A mostra Picasso: anos de guerra, 1937-1945, recebeu 134.640 visitantes, sendo, por anos, o recorde de visitação do Museu de Arte Moderna.


2000

A Cinemateca do Museu de Arte Moderna comemora 45 anos de sua criação, em 7 de julho, com uma programação de lanterna mágica.

Inauguração da Sala Carmem Portinho, no segundo andar do Bloco de Exposições.

O Museu de Arte Moderna recebe a exposição Arte indígena, que integra a Mostra do Redescobrimento, na ocasião dos 500 anos do início do processo colonial no território brasileiro.

Exposição de Arte Indígena.

2002

Realizada a I Mostra Rio Arte Contemporânea no Museu de Arte Moderna, premiando novos artistas brasileiros contemporâneos.

Inaugurada a exposição Arquipélagos – universo plural do MAM Rio, foram mostradas obras de arte, documentos, cartazes, plantas arquitetônicas, vídeos, além de outros itens que integram as coleções do Museu de Arte Moderna.


2005

Retomada da construção do teatro projetado por Affonso Eduardo Reidy para o Museu de Arte Moderna.

O diplomata Joaquim Paiva, um dos maiores colecionadores de fotografia moderna e contemporânea do País, deposita em regime de comodato a parte brasileira de sua coleção, com cerca de 1090 obras no Museu de Arte Moderna.


2009

É realizada a mostra MAM 60 anos, exibindo acervos de todas as áreas do Museu.


2011

O MAM Rio exibe a mostra Louise Bourgeois: o retorno do desejo proibido e uma das aranhas da artista é exposta nos jardins do Museu.

Louise Bourgeois. Maman, 1999. bronze, aço inox e mármore.
927 x 891 x 1023 cm.

2014

A exposição Acervo MAM: Obras restauradas apresentou o resultado final do projeto contemplado pelo concurso Pró-Artes Visuais da Secretaria de Cultura da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Por meio de vasta pesquisa e minucioso restauro, parte das obras danificadas no incêndio de 1978 foram recuperadas.

A mostra Ron Mueck tornou-se o novo recorde de visitação do MAM, com cerca de 300.000 visitantes.

A mostra A Coleção Inusitada de Sylvio Perlstein exibiu ícones da arte norte-americana da segunda metade do século XX.

Exposição Ron Mueck, 2014. Foto Jaime Acioli.

2016

Mostra Coleção Joaquim Paiva MAM RJ, com parte das fotografias em comodato no museu.

A exposição Em Polvorosa: Um Panorama das Coleções MAM Rio, curada por Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes, ocupou quase 2.500 metros quadrados com highlights das três maiores coleções do museu, inclusive as grandes instalações da Coleção MAM Rio. A exposição recebeu da ABCA o Prêmio Maria Eugênia Franco da Associação Brasileira dos Críticos de Arte | Melhor curadoria de exposição em 2016.


2018

Galáxia (s) do Cinema – Máquinas, Engrenagens, Movimentos ou This Strange Little Thing Called Love é exposta no salão monumental do museu, dando a ver parte do acervo da Cinemateca e seus equipamentos de época.

Em fins de 2018, o MAM Rio passa a ter o cargo de diretor-executivo, ocupado por Henrique Chamhum, e de diretor de relações institucionais, ocupado por Paulo Vieira.


2019

O MAM vende a pintura Nº 16 (1950), de Jackson Pollock, por meio da casa de leilões Phillips, em Nova York, em consequência de uma crise financeira e com o objetivo de dar início a um fundo patrimonial. A obra era o único Pollock da coleção e havia sido doada ao museu em 1952 por Nelson Rockefeller.


2020

A Cinemateca do MAM passou a fazer exibições pela internet, no mesmo ano em que comemorou seus 65 anos de atividades.

2021

Exposições Hélio Oiticica: a dança na minha experiência; Estado bruto; Marcos Chaves: as imagens que nos contam; Fayga Ostrower: formações do avesso; A memória é uma invenção; Composições para tempos insurgentes; Supernova – Ana Clara Tito, e Supernova – Sallisa Rosa.

2022

Exposições Terra em tempos: fotografias do Brasil; Nakoada: estratégias para a arte moderna; Atos de revolta: outros imaginários sobre independência, e Supernova – UÝRA.


2023

Aniversário de 75 anos do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, com exposições, encontros e eventos especiais que aconteceram em torno da data. Exposições Museu-escola-cidade: o MAM Rio em cinco perspectivas e MAM Rio: origem e construção.

2024

Exposição Lugar de estar: o legado Burle Marx e a mostra da itinerância da 35ª Bienal de São Paulo.