Integra a programação do MAM de Verão e marca a reabertura do Bloco Escola do MAM Rio. Todas as ações estão organizadas segundo os protocolos de segurança e saúde recomendados pelas autoridades sanitárias. Não haverá compartilhamento de material entre os participantes e será mantido distanciamento social.
Faixa etária: a partir de 16 anos (menores de 18 precisam estar acompanhados por responsável)
O Carnaval, ausente em fevereiro de 2021 como festa por causa da pandemia do Covid-19, marcará as atividades de não Carnaval no MAM de Verão. Começando em janeiro, o MAM Rio oferece uma série de oficinas, seminários e performances desenvolvidas com o curador convidado Leandro Vieira, com expoentes da escola de samba Estação Primeira de Mangueira, em paralelo à exposição Hélio Oiticica: a dança na minha experiência, em cartaz no MAM Rio até 7 de março.
Esses eventos, protagonizados por mestres e artistas da Mangueira, trazem os saberes da escola de samba ao MAM Rio, e marcam o reinício das atividades do Bloco Escola do MAM.
JANEIRO 2021
OFICINAS
Em todas as sextas-feiras de janeiro, das 14h às 16h, mestres e artistas dos diferentes saberes que constituem a Estação Primeira de Mangueira apresentarão oficinas nas quais dialogarão com elementos em torno do samba enquanto matriz de um processo histórico e cultural e da dança como experiência ancestral.
SEX 8 e 29 jan
Oficina de dança coletiva com Evelyn Bastos, rainha de Bateria da Estação Primeira de Mangueira
Nascida e criada no Morro da Mangueira, Evelyn Bastos (foto) ministrará as aulas de samba no pé, tendo como ponto de partida sua experiência pessoal acumulada através de anos dedicados à prática. Dona de um método de ensino pessoal, a rainha de bateria da Estação Primeira dividirá seus saberes por meio da condução corporal dos inscritos na oficina.
Inscrições encerradas.
Vagas disponíveis: 14, divididos pelos seguintes instrumentos: surdo, caixa, repique, tamborim e chocalho.
Inscrições encerradas.
Acima, Wesley Assumpção em foto de Valéria del Cueto/carnevalerio.com
SEX 15 jan
Oficina de percussão coletiva com Wesley, mestre de Bateria da Estação Primeira de Mangueira
A partir dos instrumentos próprios do universo percussivo das escolas de samba, o mestre de Bateria da Mangueira, Wesley (foto), dividirá seus conhecimentos musicais com os participantes inscritos possibilitando aprendizado e dividindo conhecimento, através de métodos musicais específicos. Trata-se de uma aula coletiva em que os fundamentos rítmicos dos instrumentos – suas origens e aplicações rítmicas – conduzirão uma viagem musical ao “coração” dos grêmios: a Bateria.
SEX 22 jan
Oficina de dança coletiva com o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Estação Primeira de Mangueira
Acima, Squel Jorgea em foto de Wellington Carvalho; à dir., Matheus Olivério
Squel Jorgea e Matheus Olivério descendem de uma linhagem ancestral de sambistas. A neta e o filho do lendário diretor de harmonia, compositor e intérprete Xangô da Mangueira conduzem oficialmente o pavilhão da escola na avenida de desfiles. Representantes de uma dinastia de casais que guardam as tradições do bailado da dança do casal de mestre-sala e porta-bandeira, a dupla ministrará a oficina que, além de introduzir aspectos históricos e sociais da dança, dividirão saberes técnicos associados à prática do bailado.
Vagas disponíveis: 14
Inscrições encerradas.
FEVEREIRO 2021
FAZER CARNAVAL NO NÃO CARNAVAL
Em fevereiro, quatro encontros de debate focarão nos diferentes aspectos dos desfiles e cortejos de Carnaval, suspensos em fevereiro de 2021 por causa da pandemia do Covid-19.
Manifestação artística e cultural intimamente ligada à construção da identidade coletiva da cidade do Rio de Janeiro, os desfiles das escolas de samba são atividades fundamentais para a compreensão da história social e política da cidade. Os desfiles envolvem não apenas aspectos ligados às disputas de narrativas, mas também às lutas por reconhecimento de territórios simbólicos.
DEBATES
Manifestação artística e cultural intimamente ligada à construção da identidade coletiva da cidade do Rio de Janeiro, os desfiles das escolas de samba são atividades fundamentais para a compreensão da história social e política da cidade. Os desfiles envolvem não apenas aspectos ligados às disputas de narrativas, mas também às lutas por reconhecimento de territórios simbólicos.
Em função das medidas sanitárias necessárias para a contenção da pandemia da Covid-19, a cidade do Rio de Janeiro estará privada de realizar sua mais legítima e reconhecida tradição cultural: o Carnaval.
Cortejos carnavalescos e desfiles estão suspensos em fevereiro de 2021. É nesse contexto que a ocupação proposta dialoga com as possibilidades reais de mantermos na pauta da cidade não apenas os saberes da prática carnavalesca, mas também a insistência de reafirmamos os desfiles das escolas de samba como espaço de arte múltipla e maiúscula.
Serão quatro dias de encontros nos quais diferentes aspectos dos desfiles serão abordados em mesas de debates e provocações formadas por estudiosos, pesquisadores e artistas que atuam diretamente no universo das artes aplicadas aos desfiles.
SÁB 20 fev
ANCESTRALIDADE E CORPOREIDADE NA DANÇA DO CASAL DE MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA
participantes da mesa: Helena Theodoro, Squel Jorgea e Matheus Olivério
O encontro que inaugura o ciclo de palestras aborda o corpo negro e a ancestralidade tendo como foco uma das mais tradicionais e emblemáticas figuras do imaginário da dança no universo das escolas: o casal de mestre-sala e porta-bandeira. O corpo negro e as matrizes sociais e históricas da dança são o mote principal dos debatedores.
Helena Theodoro
Squel Jorgea em foto de Wellington Carvalho
Matheus Olivério
SOBRE HELENA THEODORO
Helena Theodoro é bacharel em Direito e pedagoga. Mestre em Educação, doutora em Filosofia e pós-doutora em História Comparada. Autora de vários livros, sendo o mais recente “Martinho da Vila: reflexos no espelho”. Atualmente, é presidente do Conselho Deliberativo do Fundo Elas e coordenadora do grupo de pesquisa de Carnaval LUPA do IFCS/UFRJ.
SOBRE SQUEL JORGEA
Carioca do Estácio, berço das escolas de samba, Squel Jorgea mergulhou ainda na infância no universo do Carnaval carioca, ouvindo as histórias e memórias que giravam em torno de seu avô e dos antigos desfiles da Estação Primeira. Neta do Xangô que carregava a Mangueira como sobrenome, aos 9 anos Squel ingressa no GRES Acadêmicos do Grande Rio para, a partir daí, fazer do samba uma brincadeira de criança e um ofício para a vida adulta. Por onze anos (2002/2012), defendeu o pavilhão da tricolor de Duque de Caxias. Em 2013, uma breve passagem pelo GRES Mocidade Independente de Padre Miguel antecede o ano em que assume o cargo de primeira porta-bandeira da Estação Primeira de Mangueira.
SOBRE MATHEUS OLIVÉRIO
Primeiro mestre-sala da Estação Primeira, Matheus Olivério é filho do lendário partideiro e diretor de harmonia Xangô da Mangueira. Desde os 8 anos foi envolvido com as tradições comunitárias da escola, tendo sido passista do grêmio por anos que atravessaram sua infância e adolescência. Por uma década, foi o segundo mestre-sala da Agremiação até que, em 2017, recebeu o convite para assumir o posto de primeiro mestre-sala da instituição ao lado da sobrinha, Squel Jorgea.
DOM 21 fev
A GRAMÁTICA DO TAMBOR
participantes da mesa: Mestre Wesley, Arifan e Luiz Antonio Simas
O encontro apresenta aspectos musicais do universo das escolas de samba, alinhando a sonoridade de práticas religiosas e culturais de matrizes africanas junto das práticas e nuances musicais que se perpetuam nas baterias dos grêmios carnavalescos. Um olhar para as matrizes do samba e sua história social contada a partir do som dos tambores.
Mestre Wesley, em foto de Valéria del Cueto/carnevalerio.com.
Arifan
Luiz Antonio Simas
SOBRE MESTRE WESLEY
Músico e percussionista, nascido e criado no Morro da Mangueira, Wesley Assumpção iniciou ainda criança o contato com as tradições musicais de uma bateria de escola de samba. Primeiro mestre de bateria da história da Mangueira do Amanhã – a escola de samba mirim do famoso grêmio – , o músico, como gosta de dizer, é cria da comunidade. Iniciou sua trajetória na bateria profissional da escola em 1987, ainda como ritmista, tendo a oportunidade de conviver com os grandes mestres e com os saberes comunitários próprios de seu território. Em 2019, assumiu oficialmente o cargo de mestre de bateria da Verde e Rosa, função que ainda ocupa colecionando notas máximas.
SOBRE ARIFAN
Nascido no Rio de Janeiro, iniciou-se no meio musical em projetos sociais oferecidos pela associação de moradores da Cidade de Deus. Ao longo de sua carreira na música, acompanhou nomes consagrados como Luiz Melodia, Alcione, Beth Carvalho, Zeca Pagodinho, Seu Jorge, Leila Pinheiro, Geraldo Azevedo, Dona Yvonne Lara, Leny Andrade e Marcelo D2, entre outros. Atuou como diretor musical do programa Aglomerado da TVE-Brasil e da série Cinema de Enredo, que estreia na Prime Box Brasil. Ari integra os principais projetos musicais da cena carioca, entre eles o grupo Awurê, o projeto Criolice, Terreiro de Crioulo e o Soul Mais Samba.
SOBRE LUIZ ANTONIO SIMAS
Luiz Antonio Simas é escritor, professor, historiador, educador e compositor. É autor e coautor de vinte livros e de mais de uma centena de ensaios e artigos publicados sobre carnavais, folguedos populares, macumbas, futebol e culturas de rua. Ganhou o Prêmio Jabuti de Livro de Não Ficção do ano de 2016, pelo Dicionário da História Social do Samba, escrito em parceria com Nei Lopes. Foi finalista do Prêmio Jabuti de 2018 e 2020, na categoria crônica.
SEX 26 fev
ESTÉTICA EM DESFILE
participantes da mesa: Milton Cunha, Leandro Vieira e Keyna Eleison
Dois artistas associados tanto à produção visual quanto à construção de discursos e narrativas carnavalescas debatem a criação estética dos desfiles a partir das provocações da curadora e diretora artística do MAM Rio, Keyna Eleison.
Milton Cunha
Leandro Vieira
Foto Oscar Liberal
Keyna Eleison
SOBRE MILTON CUNHA
Milton Cunha cursa pós-doutorado no Labedis/Museu Nacional sobre Patrimônio Cultural. É pós-doutor pela EBA/UFRJ em Narrativas Culturais Populares, bem como mestrando e doutorando em Semiologia pela Letras/UFRJ. Estudou Moda e Indumentária e Psicologia na Graduação. Há oito anos, é comentarista das transmissões dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro pela TV Globo. Atuou como carnavalesco em diversas escolas do Rio de Janeiro, entre elas a Beija-Flor de Nilópolis, a União da Ilha do Governador e a Unidos da Tijuca.
SOBRE LEANDRO VIEIRA
Artista plástico formado pela Escola de Belas Artes da UFRJ, o carioca Leandro Vieira atua na cena carnavalesca desde 2015. À frente dos projetos artísticos da Estação Primeira de Mangueira, conquistou dois campeonatos. Nos últimos anos, tem desenvolvido propostas conceituais que ultrapassam os contornos dos desfiles para a avenida. Em 2017, sua produção artística debruçada sobre a religiosidade popular foi documentada pelo IPHAN e levada ao Paço Imperial do Rio de Janeiro em exposição individual. Em seu mais recente desfile – Mangueira, 2020 – enfrentou a resistência conservadora ao apresentar a biografia de Cristo com nuances políticas e sociais contemporâneas.
SOBRE KEYNA ELEISON
Curadora. Pesquisadora, herdeira Griot e xamânica, narradora, cantora, cronista ancestral. Mestre em História da Arte e especialista em História da Arte e da Arquitetura pela PUC – Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro); bacharel em Filosofia pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Membro da Comissão da Herança Africana para laureamento da região do Cais do Valongo como Patrimônio Mundial (UNESCO). Curadora da 10a. Bienal internacional de Arte SIART, na Bolívia. Atualmente cronista da revista Contemporary e professora do Programa Gratuito de Ensino da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro.
SÁB 27 fev
O ESTEREÓTIPO DO CORPO DA MULHER PRETA NO IMAGINÁRIO DOS DESFILES
participantes da mesa: Evelyn Bastos, Millena Wainer e Flávia Oliveira
O encontro que encerra as mesas de debate reúne três mulheres negras para falar de suas experiências. A pauta gira em torno da objetificação do corpo da passista e da luta pelo reconhecimento do espaço e do protagonismo feminino em diferentes áreas dos saberes carnavalescos.
Evelyn Bastos
Milena Wainer
Flávia Oliveira
SOBRE EVELYN BASTOS
Nascida no morro da Mangueira, a rainha de bateria leva o nome de sua comunidade para onde quer que vá. Professora de Educação Física e estudante de História, Evelyn viaja o mundo com um projeto particular onde ministra aulas e propaga a performance do samba. Seus métodos de ensino foram levados para a Argentina (2013); Japão e França (2014); Suécia e Alemanha (2016); Austrália e França (2017) e Portugal (2018). Mulher referência para a sua comunidade, desenvolve projetos sociais onde estimula jovens que, como ela, buscam no estudo a oportunidade mais segura para se prepararem para um futuro mais inclusivo.
SOBRE MILLENA WAINER
Millena Wainer participa de rodas e disputas de samba cantando, e luta pelo lugar da mulher como intérprete no ambiente carnavalesco. Tem passagens pelo Carnaval do Rio de Janeiro, de São Paulo e do Espírito Santo. Atualmente, integra os departamentos musicais das escolas de samba Unidos de Vila Maria (São Paulo) e Mocidade Independente de Padre Miguel (Rio de Janeiro). Formada em Comunicação Social, é idealizadora do documentário: “A voz das mulheres do Samba”, onde aprofunda importante discussão sobre o machismo que se perpetua na sociedade brasileira tendo o universo do samba como pesquisa.
SOBRE FLÁVIA OLIVEIRA
Flávia Oliveira é carioca. Formou-se em Jornalismo na Universidade Federal Fluminense (UFF). São mais de duas décadas de experiência em jornalismo diário na cobertura de economia, indicadores sociais, empreendedorismo, desigualdades de gênero e raça, segurança pública. É comentarista na GloboNews e colunista do jornal O Globo e da rádio CBN. Podcaster no “Angu de Grilo” ao lado da filha, a também jornalista, Isabela Reis. Integra a comissão de matriz africana do Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, e é membro dos conselhos consultivos da Anistia Internacional Brasil, da ONG Uma Gota no Oceano, do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (Ceert), do Observatório de Favelas, da Agência Lupa, do Projeto Liberdade, do Instituto Sou da Paz e do Instituto Ibirapitanga.
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Sobre a exposição Hélio Oiticica: a dança na minha experiência