RUY GARDNIER
Falecido em 22 de fevereiro de 2022, Geraldo Sarno foi um documentarista marcante do cinema brasileiro, empenhado em retratar expressões e costumes do homem sertanejo brasileiro, seu tema mais recorrente, mas também alçando outros voos em que se indagava sobre a questão do cinema como linguagem e a relação dessa linguagem com a apreensão do real possibilitada pela câmera cinematográfica. Fundamental no percurso do cinema brasileiro em busca de um “Brasil real” nos anos 60 e 70, Sarno teve um segundo renome a partir de seu último longa, Sertânia, uma ficção barroca que retoma em chave de sonho/pesadelo o universo do cangaço e, metalinguisticamente, o modo como o cinema brasileiro retratou essa manifestação. O filme cativou uma série de jovens cinéfilos e críticos, e ganhou diversas discussões nas redes sociais (twitter, letterboxd). Quando a Cinemateca do MAM presta homenagem a Geraldo Sarno exibindo alguns de seus filmes mais notáveis em “Sertões de Sarno”, nada mais natural do que pedir a críticos das novas gerações, que começaram a escrever sobre cinema após 2000, que partilhem suas impressões sobre a produção desse cineasta outrora tão associado a problemáticas do passado. Modo de reavivar as relações entre épocas, requestionar os ideais do passado e avaliar o que sobrevive no presente.
P.S.: Vale lembrar que quase todos esses filmes podem ser vistos em http://linguagemdocinema.com.br/category/memoria/, site criado pelo próprio Sarno para manter sua obra disponível a todos, para além do tempo e das limitações geográficas.
VIramundo, o retrato detalhado de um Brasil em transição, por Chico Fireman
Jornal do Sertão e A Cantoria, por João Pedro Faro
Casa de Farinha e Engenho, por Geo Abreu
Cariri: a sociologia da metrópole (Viva Cariri! e Padre Cícero), por Rafael Miranda
Três curtas: Casa Grande e Senzala, Segunda-Feira e Espaços Sagrados, por Igor Nolasco
Coronel Delmiro Gouveia, por Marcelo Miranda
A Terra Queima, por Raul Arthuso
O Último Romance de Balzac: fé na criação artística e redenção do pastiche, por André Renato
A Cinemateca do MAM é patrocinada pela Samambaia Filantropias.
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